A casa era impecavelmente limpa, o jardim, a entrada, a sala onde nos reuniríamos para beijar a cruz.
A paz esteja convosco. Aleluia! Aleluia! Cristo ressuscitou. Aleluia! Aleluia!
A casa era benzida com água benta, na altura, pelo saudoso Padre Araújo.
Havia amêndoas e pão-de-Ló na mesa, e corríamos de casa em casa, beijando a cruz em casa dos avós, dos tios, dos vizinhos... O compasso visitava primeiro a casa do Sr. Belmiro e da Sra. Almerinda, agricultores, e nós lá estávamos, para depois subir as escadas da D. Mariazinha, onde não não faltavam os sonhos em calda e os russos com chocolate.Inconscientemente, para mim, a Páscoa era igualmente a celebração da Primavera. Havia sempre bom tempo (posso estar errado, mas em 40 anos, lembro-me de, talvez, 2 domingos de Páscoa molhados), por vezes era, também, o primeiro dia do ano em que me deixavam pendurar o casaco e andar em mangas de camisa. As manhãs de Páscoa tinham sempre muita luz, e as árvores voltavam a vestir-se de folhas.
Agora que somos adultos e pais, a Páscoa continua a ter a sua magia, e tentámos que a nossa filha possa experimentar todas aquelas sensações maravilhosas.Agora são as portas da nossa própria casa que abrimos à entrada do compasso, onde figuram sempre amigos e conhecidos. E começam a aparecer os filhos de amigos, que integram o compasso.
E continuamos a ir beijar a cruz a casa dos pais, do avô, dos tios, dos amigos... é assim a tradição.
Os meu vizinhos Sr. Amaro e D. Zeza, com a família , aguardando a chegada do compasso.
Que não podia falhar...
A paz esteja convosco. Aleluia! Aleluia!
A ver a banda a passar. Como me pude esquecer de falar da banda acima!Não pode haver domingo de Páscoa sem música!
Gasóleo a 1.439, gasolina a 1.629
Não é fácil ser maestro! Mais uma banda.
E há quem não tenha paciência para esperar que a banda prossiga e decida ultrapassá-la pelo passeio pedonal...
Mais um compasso.
Ao fim do dia, a comunidade reúne-se na avenida, no adro, na escadaria para assistir à entrada das cruzes na igreja. Encontramos amigos, conhecidos, trocam-se cumprimentos, abraços e ideias.
Tlim, tlão, tlim, tlão...
As cruzes reunidas a descer a Avenida da República.
Foi um dia longo, sem dúvida.
O pároco de Paredes, o Padre Vitorino Soares.
Mais cruzes. É pena que a quadra passe tão depressa.
Do ponto de vista do movimento de Transição, a reconstrução da comunidade é absolutamente fundamental, e celebrações como a Páscoa são importantíssimas. É certo que as coisas não são como eram, mas a magia mantêm-se, e nós cá estamos para ajudar a que se mantenha durante muitos mais anos.
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