Paredes em Transição

O movimento Paredes em Transição é uma rede de amigos que vivem na cidade de Paredes, no Norte de Portugal, que partilham a preocupação de que a debilitante dependência em combustíveis baratos de que a nossa sociedade e economia padecem – e que não está a receber a devida atenção dos vários governos, que parecem actuar na premissa de que o petróleo barato e abundante continuará por cá em perpetuidade – possa vir a resultar em graves e imprevisíveis problemas de que a tecnologia não conseguirá livrar-nos, e que poderão afectar muito negativamente o nosso futuro e o dos nossos filhos. Saiba mais no menu Projecto.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Celebrações da Páscoa - cimentando uma comunidade

A Páscoa é, sem sombra de dúvida, uma das minhas celebrações favoritas no ano. Talvez mais do que o Natal, a Páscoa incorpora o espírito da comunidade.

Lembro-me de, quando era criança, de manhã cedinho, aguardar na rua, em traje domingueiro (quase sempre roupa nova) a chegada da cruz. Nós, os miúdos, corríamos a espalhar pétalas, flores e folhas de hera à entrada da casa, criando um tapete florido para acolher a entrada do compasso. E enquanto o fazíamos, competíamos com a intensidade crescente do som do sino, que precedia a chegada do compasso.
A casa era impecavelmente limpa, o jardim, a entrada, a sala onde nos reuniríamos para beijar a cruz.
A paz esteja convosco. Aleluia! Aleluia! Cristo ressuscitou. Aleluia! Aleluia! 
A casa era benzida com água benta, na altura, pelo saudoso Padre Araújo.
Havia amêndoas e pão-de-Ló na mesa, e corríamos de casa em casa, beijando a cruz em casa dos avós, dos tios, dos vizinhos... O compasso visitava primeiro a casa do Sr. Belmiro e da Sra. Almerinda, agricultores, e nós lá estávamos, para depois subir as escadas da D. Mariazinha, onde não não faltavam os sonhos em calda e os russos com chocolate.
Inconscientemente, para mim, a Páscoa era igualmente a celebração da Primavera. Havia sempre bom tempo (posso estar errado, mas em 40 anos, lembro-me de, talvez, 2 domingos de Páscoa molhados), por vezes era, também, o primeiro dia do ano em que me deixavam pendurar o casaco e andar em mangas de camisa. As manhãs de Páscoa tinham sempre muita luz, e as árvores voltavam a vestir-se de folhas.
Agora que somos adultos e pais, a Páscoa continua a ter a sua magia, e tentámos que a nossa filha possa experimentar todas aquelas sensações maravilhosas.
Agora são as portas da nossa própria casa que abrimos à entrada do compasso, onde figuram sempre amigos e conhecidos. E começam a aparecer os filhos de amigos, que integram o compasso.
E continuamos a ir beijar a cruz a casa dos pais, do avô, dos tios, dos amigos... é assim a tradição.

Os meu vizinhos Sr. Amaro e D. Zeza, com a família , aguardando a chegada do compasso.

Que não podia falhar...

A paz esteja convosco. Aleluia! Aleluia! 

A ver a banda a passar. Como me pude esquecer de falar da banda acima!Não pode haver domingo de Páscoa sem música!

Gasóleo a 1.439, gasolina a 1.629 

Não é fácil ser maestro! Mais uma banda.

E há quem não tenha paciência para esperar que a banda prossiga e decida ultrapassá-la pelo passeio pedonal... 


Mais um compasso. 

Ao fim do dia, a comunidade reúne-se na avenida, no adro, na escadaria para assistir à entrada das cruzes na igreja. Encontramos amigos, conhecidos, trocam-se cumprimentos, abraços e ideias.

 Tlim, tlão, tlim, tlão...


As cruzes reunidas a descer a Avenida da República.


Foi um dia longo, sem dúvida. 


O pároco de Paredes, o Padre Vitorino Soares.

Mais cruzes. É pena que a quadra passe tão depressa.


Do ponto de vista do movimento de Transição, a reconstrução da comunidade é absolutamente fundamental, e celebrações como a Páscoa são importantíssimas. É certo que as coisas não são como eram, mas a magia mantêm-se, e nós cá estamos para ajudar a que se mantenha durante muitos mais anos.

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