Paredes em Transição

O movimento Paredes em Transição é uma rede de amigos que vivem na cidade de Paredes, no Norte de Portugal, que partilham a preocupação de que a debilitante dependência em combustíveis baratos de que a nossa sociedade e economia padecem – e que não está a receber a devida atenção dos vários governos, que parecem actuar na premissa de que o petróleo barato e abundante continuará por cá em perpetuidade – possa vir a resultar em graves e imprevisíveis problemas de que a tecnologia não conseguirá livrar-nos, e que poderão afectar muito negativamente o nosso futuro e o dos nossos filhos. Saiba mais no menu Projecto.

domingo, 28 de novembro de 2010

Sábado em Transição em Telheiras

Foi um Sábado excepcional, este organizado pela Iniciativa de Transição de Telheiras. Um conjunto de eventos muito completo, que contou com a construção colectiva de uma espiral de ervas aromáticas (mais sobre espirais de ervas aromáticas aqui e aqui), uma conversa sobre permacultura com o David Avelar e uma tertúlia sobre o movimento Cidades em Transição, facilitado pelo João Leitão, do movimento Pombal em Transição, e que contou na mesa com o Filipe Matos e o Tiago Botelho, de Telheiras, e comigo.
A construção da espiral mobilizou uma quantidade de miúdos e graúdos que não hesitaram em meter as mãos na terra, e contou com a orientação competente do Tiago Silva (abaixo), que mostrou perceber bem do que estava a fazer. Tiro-lhe o meu chapéu.






O melhor de tudo foi que ainda deu para encontrar alguns amigos que já não via há algum tempo. 
O Mário Almeida.

O Nuno Moreira.



A tertúlia atraiu cerca de 60 pessoas, e contou com excelentes intervenções por parte do público. 



Um momento alto desta tertúlia foi a apresentação que o João fez sobre o conjunto de problemas que levou ao aparecimento do movimento Cidades em Transição.


Penso que conseguimos fazer passar a mensagem, e estou confiante que novas iniciativas na área da Grande Lisboa irão nascer no seguimento deste evento. Para os colegas de Telheiras, será mais uma responsabilidade! Parabéns e obrigado pelo convite que me fizeram!


A espiral de ervas aromáticas, ao sol da manhã do dia seguinte. Nada mau!


A reunião de trabalho que, hoje de manhã, juntou representantes de alguns movimentos de Transição (Paredes, Pombal, Telheiras e Portalegre) mais o Mark Dekens no largo no exterior da sede da Associação de Residentes de Telheiras (ART). Mais notícias num futuro próximo!


Ainda deu para ver umas quantas hortas em telheiras que o Mário Almeida fez questão em me mostrar. Obrigado!

Maior parque hortícola urbano do país já está em construção em Lisboa

Notícia publicada no Público. A notícia original e respectivos comentários poderão ser lidos aqui.

No Vale de Chelas

Maior parque hortícola urbano do país já está em construção em Lisboa

A Câmara de Lisboa já iniciou no Vale de Chelas a construção do maior espaço urbano do país criado para albergar mais de seis hectares de hortas.
O parque hortícola terá cerca de 15 hectares, dos quais 6,5 serão destinados às hortas, informou o gabinete do vereador do Ambiente Urbano e Espaços Verdes, José Sá Fernandes.

Para já, serão criados cerca de 400 talhões, cada um com 150 metros quadrados de área. Uma parte deles será atribuída directamente aos cerca de cem hortelãos que já ocupavam o local; os restantes ficam reservados para um concurso público, a realizar no próximo ano.

No início do segundo semestre de 2011 a autarquia conta ter concluída a primeira fase do projecto. A obra que iniciou há dias inclui a modelação do terreno, o reforço e protecção das encostas, a abertura de caminhos principais (procurando respeitar os percursos definidos entretanto pelos utilizadores) e a introdução de uma rede de distribuição de água, com bocas de rega.

“O fornecimento de água adequada à rega dos produtos hortícolas é a acção primordial deste projecto, pois vem acabar com as situações graves de saúde pública provocadas pela rega das culturas com águas do saneamento público em épocas de seca”, refere o gabinete de Sá Fernandes.

A câmara vai colocar vedações nas hortas, definir caminhos entre elas, colocar plantas e arbustos de bordadura, disponibilizar alfaias e casas de arrumo e, posteriormente, instalar “um equipamento infantil e um quiosque com esplanada”.

Com esta iniciativa, nascida da necessidade de organizar a agricultura da área, pretende-se também promover a “interacção social e a consciência comunitária” e permitir às famílias de uma zona carenciada o consumo de frescos e, por outro lado, a venda localizada de alguns produtos.

Além disso, reduz-se os custos de manutenção para o município e “assegura-se a permeabilidade dos solos”.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Paredes em Transição na Praça da Alegria

É verdade!


Amanhã, por volta das 11 horas, o nosso camarada Rúben Carminé irá participar no programa da manhã da RTP, a "Praça da Alegria", onde deverá falar da sua transição para agricultor, do Projecto PROVE, de Paredes em Transição, e do movimento de Transição em geral.


Força Rúben, estamos contigo!





Já agora, se alguém puder gravar seria excelente, para mais tarde podermos, aqui, partilhar.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Transition Town Totnes Winterfest 2010

Aqui fica um vídeo filmado pelos nossos amigos Emílio e Sara da celebração Transition Town Totnes Winterfest 2010 (em Totnes, claro está) em que, entre muitos outros, aparecem os parceiros Ben Brangwin, e Jacqi Hodgson.
Dá para ver a pujança que o movimento Cidades em Transição tem por lá.
Chamo especial atenção para o projecto "Transition Homes" - uma delícia!


Paredes em Transição no aniversário da Cooperativa de Paredes

Pela primeira vez o movimento Paredes em Transição esteve presente na celebração de mais um aniversário da Cooperativa Agrícola do Concelho de Paredes, o 35º, que ocorreu no passado dia 10 de Novembro.
Deste evento fizeram parte os concursos da melhor espiga de milho e da melhor broa de milho do Vale do Sousa, onde os agricultores do concelho apresentam o melhor da sua produção. O conceito é bastante interessante na forma como reconhece a matéria-prima, a espiga, e um dos produtos finais, a broa.
É de realçar também os esforço que está a ser feito pela Cooperativa, em parceria com a Ader Sousa, para implementar a certificação da broa do Vale do Sousa, de forma a promover a produção artesanal e a proteger o próprio produto.
Quem sabe se para o ano algum dos membros do nosso movimento se atreve a concorrer?
Avaliação das broas por parte do júri.
As espigas a concurso.
Alguns dos prémios.


Os representantes das entidades envolvidas.


A assistência.
A vencedora da melhor broa.
Um dos vencedores da melhor espiga.
Ninguém se vai embora de barriga vazia!
Música para animar a malta!

domingo, 14 de novembro de 2010

Acidificação dos Oceanos

Já andava há algum tempo para colocar este documentário do Tristan Bayer, que conheci já há muitos anos no Jackson Hole Wildlife Film Festival, aqui no blog. 
Chama-se Acid Test e documenta os problemas associados à acidificação dos Oceanos, provocada pelo Homem.
A minha preocupação tem sido colocar documentários com legendagem em português, mas nem sempre é possível. Aqui fica o Acid Test:

sábado, 13 de novembro de 2010

São Martinho

No nosso grupo de amigos temos uma tradição já com vários anos, que é a romaria ao São Martinho, na cidade vizinha de Penafiel, a cerca de 5 quilómetros de Paredes. A tradição, no espírito de Transição, é ir a pé, e o percurso, feito, em boa parte, por caminhos agrícolas, é metade da diversão da noite. Este ano, pela primeira vez, o São Martinho foi um pouco húmido, mas poupou-nos durante o caminho.
São Martinho é o santo padroeiro de Penafiel, e a a romaria é uma das mais concorridas da região. O São Martinho é também considerado o padroeiro dos cavalos, e é como feira de equídeos (burros e mulas - cada vez mais raras - também) e de tudo o mais que tenha a ver com estes animais, e que ainda se realiza, mas é, acima de tudo, uma festa da comunidade, a que acorre a gente das redondezas, e onde se vende gado, produtos agrícolas, ferramentas, muitas delas artesanais e feitas na região.
Para nós, é a oportunidade para reunirmos o grupo, pôr-mos a conversa em dia, misturarmo-nos com a multidão e provar as tortas de São Martinho, as castanhas assadas, o vinho novo (verde tinto) que as várias adegas cooperativas propõem, o biscoito da Teixeira, os frutos secos... de que é me me esqueci? Papas, moelas...

A malga de vinho deste ano (todos os anos há uma malga diferente).

 Quem quer uma castanha assada?


As tortas de São Martinho.
Quentes e boas!

Feira de artesanato. 
Até bailarico houve!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Geleia de Uvas Americanas

As uvas americanas, ou morangueiras, são um dos nossos frutos menos valorizados. Não tem qualquer valor comercial, mas são extremamente frutadas - e por essa razão são conhecidas nos Açores como uva de cheiro - e muito ricas em pectina, o que as torna especialmente apropriadas para fazer geleias.
A comercialização do vinho morangueiro foi proibida ainda durante o Estado Novo, e ainda hoje assim continua, se bem que já se fale em voltar a permitir a sua comercialização. Uma das razões apontadas para a proibição era, alegadamente, que durante o processo de vinificação a pectina existente nestas uvas se desdobrava em etanol, produto extremamente tóxico. No entanto, sempre houve quem protestasse que a proibição tinha mais a ver com a protecção comercial aos vinhos de castas europeias.
Encontrei isto na WikiPedia:

Estudos mais recentes vieram lançar dúvidas sobre os efeitos nefastos da malvina e demonstrar que a presença de metanol é mais o resultado da má vinificação do que das características intrínsecas das uvas americanas
Apesar da proibição de comercialização, sempre houve quem sempre teimasse em o produzir para auto-consumo, e o vinho morangueiro era, a par do vinho verde, o vinho mais popular na nossa região (talvez por estas vinhas serem mais produtivas). Graças a isso, estas uvas ainda podem ser facilmente encontradas cá pelas Terras do Sousa.

Bom, de qualquer modo, não há processo de vinificação envolvido na confecção de geleia com estas uvas, de maneira que o problema não se coloca e as uvas não poderiam encontrar melhor aplicação. Garanto.

Ora há dias, num espírito de Transição e de criar resiliência, alguns elementos do movimento Paredes em Transição encontrar-se em casa da nossa camarada Vanda para aprender a confeccionar esta delícia que é a geleia de uvas americanas. Vou mostrar alguns dos passos e a Vanda, mais tarde, colocará neste blog o filme que está a terminar.

Primeira fase: os bagos são extraídos um a um, e em seguida são lavados e secos. 

Mais tarde há que os ferver para permitir que os açúcares da fruta se espalhem e que a pectina vá tornando a mistura mais espessa.

Até adquirir este aspecto.


Depois há que coar para extrair cascas e grainhas.

Depois há que adicionar o açúcar (metade do peso das uvas) e deixar ganhar ponto. O aspecto é igual ao da imagem acima e garanto que é a melhor geleia que já provei. É preciso mais?


Nesta tarde ainda se fizeram mais algumas experiências com pão, pizza e molho Pesto. A actividade foi uma das mais gratificantes (e mais doces!) que tivemos até ao momento e cada um de nós saiu mais enriquecido, tendo ganho mais um crédito para disciplina de auto-suficiência!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Como Começar uma Iniciativa de Transição

Há dias, o Luís Rocha, que juntamente com a Patrícia Costa Neto está a começar uma iniciativa de Transição em Rio Tinto, abordou-me no sentido de fazer uma entrevista que o pudesse ajudar nessa missão, e que publicou na página da rede social Transição e Permacultura Portugal. O que produzimos é, no fundo, um pequeno resumo da curta vida do movimento Paredes em Transição, que ainda luta por se afirmar na comunidade. Pode ser que ajude mais alguém na árdua (mas gratificante) tarefa de dinamizar uma iniciativa de Transição. Aqui fica a entrevista:


Vamos lá fazer uma entrevista?
Vamos!


1. Como começou o movimento de Pareces em Transição?
Quase começou em desastre! Juntei um grupo de amigos cá em casa para assistirmos ao filme “The End of Suburbia” e as coisas não correram, de todo, como esperava. Como com muitas outras pessoas, o "The End of Suburbia" foi, para mim, uma espécie de despertador. Com 38 anos e muita viagem feita, pensava “que sabia quase tudo”. Tinha perfeita consciência da insustentabilidade do nosso modo de vida, do nosso impacto no clima e na biodiversidade, fazia o possível por ser um cidadão consciente e responsável, mas mesmo assim este filme foi um choque. Só aí interiorizei o quão ligados ao petróleo estamos, como a nossa cultura evoluiu tendo por base esta fonte de energia conveniente e barata, o quão vulneráveis estamos face a uma crise no abastecimento.
Acontece que no fim do filme uma pessoa levantou-se e disse: “nada disto é novo. Há gás natural para durar décadas, não me vou deixar consumir com isto e se acontecer, logo decidirei o que fazer”. A iniciativa podia ter morrido ali, mas voltei a reunir o grupo uma ou duas semanas mais tarde e foi assim que o movimento Paredes em Transição nasceu.


2. Houve dificuldades iniciais?
Há sempre. Reunir um bom grupo iniciador não é fácil. Conseguir reunir com o poder local é um pesadelo. Convencer as pessoas a participarem numa actividade é desafio… mais sobre dificuldades à frente.


3. Segundo Rob Hopkins, um pioneiro da Transição, imaginar uma cidade ecológica do futuro é um dos primeiros passos. Já imaginam uma cidade de Paredes sustentável e resiliente?
Esse exercício tem sido feito através das Estórias de Transição, que tem sido publicadas no jornal local O Verdadeiro Olhar, e com as quais convidamos os paredenses a viajarem ao futuro e visualizarem uma cidade mais humana, mais sustentável, mais solidária e acima de tudo atingível, realizável.


4. Quais são os resultados de permacultivar as hortas de Paredes?
O “Terceiro Aniversário da Constelação de Hortas Comunitárias de Paredes” foi uma dessas estórias de Transição que publicámos. A tal constelação de hortas ainda não existe. É um dos nossos objectivos, mas ainda não existe nenhuma, se bem que algumas pessoas tenham ficado muito contentes com a notícia que saiu no jornal. Outro objectivo, mais educativo, é conseguirmos ter uma horta de demonstração dos resultados que a permacultura pode gerar.
A nível pessoal, tenho experimentado as técnicas da permacultura num pequeno espaço, onde vou aprendendo com os sucessos e fracassos.


5. E há as hortas nas alturas, não é?
A Horta nas Alturas é um projecto de transição familiar que decidimos iniciar lá em casa, aproveitando o terraço para produzir vegetais frescos que complementam a nossa dieta. O projecto assentou numa base orçamental reduzidíssima, pois outro objectivo – talvez o principal – era demonstrar que num espaço muito pequeno, com poucos conhecimentos e com muito pouco dinheiro se pode produzir parte dos alimentos que consumimos. Nesse sentido, consegui uma quantidade de caixas de esferovite na peixaria onde me abasteço, que me saíram a custo zero. A maior parte das plantas foram obtidas por meio de trocas e ofertas, quer como mudas, quer a partir de sementes. A componente mais cara deste projecto foi mesmo a terra, que comprei em sacos de 70 litros na cooperativa agrícola.
É incrível como num espaço exíguo conseguimos fazer crescer 25 tipos diferentes de plantas, desde alface a rabanetes e uma variedade de plantas aromáticas. Num dado momento, tínhamos 39 pés de alface prontos a consumir!
Esta horta nas alturas é também um laboratório onde experimentamos, aprendemos e ganhamos experiência, a pensar em projectos de maior envergadura.


6. Que outros projectos têm para lá das hortas?
Actividades temos várias, como as sessões em que ensinamos uns aos outros a fazer pão, iogurte, conservas, compotas e pratos diferentes. Como ainda somos poucos e estamos entre amigos, são actividades fáceis de realizar e com participação garantida. Já os permablitzen, actividades em que nos deslocamos a casa de uma pessoa conhecida munidos de plantas e ferramentas e lhe preparamos uma horta, não gozam do mesmo entusiasmo. Mas têm acontecido.
Agora Projectos… nesta altura do campeonato o Projecto é o movimento Paredes em Transição, que ainda está em fase de afirmação. É uma planta que está a ganhar raízes, e ainda é cedo para que se vejam as flores e os frutos. Vários projectos farão parte do processo de consolidação, sem dúvida, mas nesta fase temos que nos concentrar em fortalecer e expandir o grupo. Objectivos, há muitos, mas ainda há muito caminho a percorrer.
Um projecto que não é nosso mas a que nos associámos é o Projecto PROVE Terras do Sousa, que reúne um grupo de agricultores locais que semanalmente fornece uma lista de clientes com cabazes de produtos horto-frutícolas. É um projecto que já existia, que tem tudo a ver com o movimento de Transição, e a que nos associámos através do Rúben Carminé e da Alda Moreira, que fazem parte das duas iniciativas.


7. Estas iniciativas de Transição trazem um novo sentido à palavra Comunidade, talvez um sentimento renovado de ligação à terra e às pessoas. Que desafios há em formar esse novo espírito de Comunidade em Paredes?
Conseguir formar um espírito de comunidade e um sentimento renovado de ligação à terra numa sociedade no estado em que a nossa se encontra é mesmo um grande desafio. Isto aplica-se a Paredes e a Portugal. Sofremos de uma apatia generalizada. As pessoas parecem fechadas sobre si próprias, indiferentes, diria mesmo embrutecidas. O nível de consciência do problema com o pico do petróleo e da importância de preparar as comunidades para a escalada no preço dos combustíveis é extremamente baixo. De um modo geral, e mesmo depois do que aconteceu em Julho de 2008, as pessoas nem tem ideia da dimensão da dependência que temos do petróleo, nem da dimensão do problema que uma escalada súbita no preço dos combustíveis irá trazer. Não se discute muito este problema na comunicação social, e se não está na comunicação social, não está na mente das pessoas.
Do mesmo modo, o movimento Cidades em Transição, está ainda pouco divulgado em Portugal, e fazer com que o conceito chegue à população em geral é um grande desafio.
Também é preciso deixar claro ao poder local que podemos ser um excelente parceiro e não uma ameaça
É, portanto, muito difícil convencer as pessoas a saírem do seu círculo de conforto e abraçarem um projecto que desconhecem onde as levará. Penso que também poderá existir alguma desconfiança, medo do ridículo, ou de, pelo menos, ser mal interpretado. Penso que isto paralisa a acção de muita gente.


8. Como tem crescido o projecto a nível humano e de sustentabilidade? Há novas metas?
O projecto cresce devagar e está longe de ser auto-sustentável. Ainda não ganhou pernas para andar e as metas continuam a ser essas: ganhar pernas para andar e atingir a auto-sustentabilidade do ponto de vista humano, ou seja, garantir um número crítico de pessoas especialmente empenhadas que evitasse que a saída ou desistência de uma ou duas significasse a morte do projecto.
Também é essencial passar para lá das pessoas interessadas por este tema e chegar à população em geral. Convencer as pessoas a juntarem-se a nós e a ajudar a dinamizar projectos na sua área de interesse.
Por outro lado, a atenção que o movimento Paredes em Transição está a despertar na Internet, e mesmo entre a comunicação social, tem crescido de um modo verdadeiramente surpreendente, o que só confirma o interesse que este tema já está a despertar entre os portugueses.


9. Por último, queres deixar algum conselho para os novatos no Movimento de Transição que queiram formar um novo grupo local de raiz?
Começar um movimento de raiz poderá não ser a melhor maneira, ou pelo menos a mais fácil. Conseguir integrar projectos, grupos ou movimentos já existentes seria muito mais fácil e aconselhável. O namoro poderá demorar o seu tempo, mas valerá a pena.
Aproveitar todas as oportunidades que se proporcionem para dar o vosso projecto a conhecer. É difícil bater às portas todas!
Conhecer bem o modelo de Transição, os problemas a que este deve dar resposta, e projectos de sucesso. Ler a literatura publicada, participar em palestras, workshops, tertúlias. É essencial mostrar que sabemos do que estamos a falar.
Estabelecer pontes e cultivar relações com o poder local, associações e outras entidades.
Cultivar a relação com a comunicação social.
Finalmente, é essencial passar uma boa imagem. É vital que as pessoas envolvidas no movimento de Transição evitem ser rotuladas com estereótipos como “alternativo”, utópico, idealista irrealista.


Cumprimentos de Transição

sábado, 6 de novembro de 2010

Outubro foi um bom mês para a Transição em Portugal

Outubro foi um bom mês para o desenvolvimento do movimento Cidades em Transição em Portugal.
O primeiro curso de iniciativas de Transição a ocorrer em Portugal desenrolou-se nos dias 16 e 17, organizado pelo João Leitão e pelos colegas de Pombal, trouxe May East e Mandy Dean a nosso país e juntou um excelente grupo composto por três dezenas de pessoas ávidas por agarrarem o modelo Cidades em Transição e começarem a espalhar a mudança nas suas comunidades.
Logo a seguir tivemos o workshop da Jacqi Hodgson no Glocal 2010, que atraiu cerca de 60 participantes - o dobro do que se esperava! Nessa conferência, em que o Luís Queirós apresentou o projecto Rio Vivo, uma iniciativa de Transição na localidade de São Pedro de Rio Seco, em Almeida, e o Rúben Carminé apresentou o projecto PROVE Terras do Sousa, tive, ainda, a oportunidade de apresentar o movimento Paredes em Transição.
No dia seguinte conseguimos ter a Jacqi em Paredes a apresentar uma palestra sobre o pico do petróleo, alterações climáticas, contracção económica e Transição às 28 pessoas que compareceram a uma chamada. 
Escassos dias mais tarde, os colegas de Telheiras conseguiram o feito de reunir para cima de 100 pessoas que assistiram à projecção do filme The End of Suburbia. É obra, e quando alguém escrever sobre a história do movimento Cidades em Transição em Portugal este evento não poderá deixar de ser mencionado.
Em Paredes publicamos duas estórias de Transição no nosso maior jornal local, O Verdadeiro Olhar, que parece terem criado alguma confusão, e juntámos um bom número de elementos numa actividade em que se fizeram compotas, pão, pizza e muitas outras coisas deliciosas. Reuniões com o poder local e a cooperativa de agricultores correram bastante bem e prometem desenvolvimento.
Outubro foi um bom mês. Novembro promete sê-lo, igualmente.
É com uma enorme satisfação que encontro mais duas iniciativas portuguesas listadas no directório da Transition Network. A página da  Iniciativa de Transição em Telheiras no directório foi um passo natural a partir do evento do dia 27. Daqui a momentos inicia-se a sua primeira reunião oficial. Boa sorte!
Especial satisfação foi saber que após ter assistido à palestra da Jacqi em Paredes, o Luís Ribeiro resolveu meter mãos à obra e reunir um grupo de colegas para criar o movimento UMinho in Transition, a Primeira Universidade em Transição em Portugal! Segundo me contou o Luís, a reunião que tiveram ocorreu  simultaneamente a duas outras reuniões importantes na Universidade do Minho, e algumas pessoas passaram na da Transição apenas para terem um "cheirinho" do que se passava, mas acabaram por ficar até ao fim. Parabéns e sucesso para as novas iniciativas!
E agora tenho que ir rapidamente ao moleiro comprar farinha ;-)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Tempo de Espantalhos

Na escola da nossa filha resolveram fazer um festival de espantalhos e lá recebemos a notazinha a pedir o envolvimento dos papás na elaboração dos mesmos. Esta foi a nossa obra-prima, um verdadeiro fruto da força da comunidade: esqueleto feito com sobras de poda, musculatura e cabelos em palha, tendões em fio-do-Norte, olhos de bugalhos, nariz de bolota, botões de tronquinhos. O resto foi tudo roupas velhas.
Esqueci-me dos pés: massarocas de milho-rei!




Chamámos-lhe "Margarida em Transição"!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Palestra com Jacqi Hodgson, em Paredes

E a palestra aconteceu.

A ideia surgiu quando me encontrei com a Jacqi Hodgson, ao fim da tarde da Quarta-feira, 20 de Outubro para prepararmos o workshop para o dia seguinte. A Jacqi tinha a noite de Sexta-feira livre. Eu tinha uma reunião de condomínio. Tínhamos a Quinta e a Sexta-feira para encontrarmos um espaço adequado, construir uma audiência e preparar os conteúdos. Era em cima da hora, e o tempo era escasso. E tínhamos praticamente todo o dia de Quinta e Sexta-feira ocupados pela conferência, e sem acesso a telemóveis.
Na noite dessa Quarta-feira, em casa, comecei a enviar e-mails. Da parte do movimento Paredes em Transição, entre reuniões de condomínio, trabalho, bilhetes para teatro para uma família inteira já comprados, o panorama era desolador. Encontrei o talentoso Sr. Chris Ripley (que construiu uma bela casa usando fardos de palha, em Tábua) na Internet, que colou uma mensagem na rede social Transição e Permacultura Portugal. O João Leitão recebeu a minha mensagem e re-enviou-a para os 1,381membros da mesma rede, de que foi o criador. Eu coloquei uma mensagem neste blog e cruzei os dedos. Era essencial que conseguíssemos pelo menos 15 pessoas, o que considerava o número mínimo para termos massa crítica.
E as respostas começaram a chegar. Na Quinta-feira de manhã, mais uma vista de olhos à minha caixa de correio electrónico e ficava decidido que a palestra iria acontecer. Parecia que teríamos audiência.
Na Quinta-feira por volta da hora do almoço telefonavam-me a anunciar que a Câmara Municipal de Paredes nos permitiria utilizar o auditório na Casa da Cultura - que miraculosamente não estaria a ser utilizado!
O workshop na tarde do dia 21 na GLOCAL 2010 correu muito bem. Ao fim do dia, eu e o Rúben Carminé desdobrava-mo-nos ao telemóvel. Parecia que teríamos as 15 pessoas.
Na Sexta-feira ao fim do dia, eu e a Jacqi chegávamos a Paredes, ainda a tempo de assistir à distribuição dos cabazes do programa PROVE, na Cooperativa Agrícola de Paredes.
Trabalhámos os conteúdos da palestra sem a mais pequena ideia de quantas pessoas apareceriam - 10, 15, 20, 30? - e depois de um jantar à pressa, abalámos para a Casa da Cultura, caminhando com os cartazes, livros, computador, marcadores, máquinas fotográficas...
Tivemos cerca de 30 pessoas (28, para ser mais preciso). A plateia era constituída maioritariamente por paredenses, mas havia gente de Vila Nova de Famalicão, Rio Tinto, Marco de Canaveses, Amarante e Penafiel. O José Pedro, do Marco, teve uma avaria no carro e pagou 25 € a um taxista para o levar a Paredes!

A palestra foi feita comigo a traduzir cada tirada da Jacqi, para aqueles cujo domínio do inglês não era completo. Iria tomar-nos pelo menos mais metade do tempo do que se ela a fizesse sozinha, mas valeu a pena. Para muitos dos presentes, foi a primeira vez que ouviram falar em "Pico do Petróleo".
Também deu para ver a curiosidade que começa a criar-se em Portugal à volta do movimento de Transição.

Não conseguimos fazer o exercício de backcasting como havíamos feito no dia anterior, na Glocal, por causa do tempo, mas ainda chegámos a construir com a audiência os pressupostos e a pintar o futuro desejado para 2030.

No fim da palestra, o Rúben e a Alda, que tinham aparecido com um cabaz de frutos e hortícolas, ainda apresentaram o projecto PROVE Terras do Sousa.

Duas lições a aprender:
1. aproveitar todas as oportunidades que se nos apresentem. Trazer a Jacqi a Paredes a custo zero foi uma oportunidade fenomenal.
2. filmar e fotografar todos estes eventos, para poder partilhá-los com a comunidade. Eu tinha levado máquina fotográfica, mas estava tão concentrado em ouvir o discurso da Jacqi, para o traduzir em seguida, que me esqueci completamente de tirar fotografias. As que aparecem, acima, foram tiradas pela própria Jacqi e pela Patrícia Costa Neto, de rio Tinto.

Nesta palestra foram perdidos um telemóvel e a chave de um automóvel Opel. Se alguém souber de alguma coisa, faça o favor de mo dizer!