Paredes em Transição

O movimento Paredes em Transição é uma rede de amigos que vivem na cidade de Paredes, no Norte de Portugal, que partilham a preocupação de que a debilitante dependência em combustíveis baratos de que a nossa sociedade e economia padecem – e que não está a receber a devida atenção dos vários governos, que parecem actuar na premissa de que o petróleo barato e abundante continuará por cá em perpetuidade – possa vir a resultar em graves e imprevisíveis problemas de que a tecnologia não conseguirá livrar-nos, e que poderão afectar muito negativamente o nosso futuro e o dos nossos filhos. Saiba mais no menu Projecto.

domingo, 31 de outubro de 2010

Terceiro Aniversário da Constelação de Hortas Comunitárias de Paredes

Mais outra estória de Transição que foi publicada no jornal O Verdadeiro Olhar, de Paredes, na Sexta-feira passada. Como é uma estória de Transição, não acreditem no título!
Outra estória de Transição aqui.


Terceiro Aniversário da Constelação de Hortas Comunitárias de Paredes

22 de Outubro de 2014

Nabos, brócolos e alfaces. Endívias, aipo e espinafres. Salsa, rabanetes e todo o tipo de couves, incluindo a flor e a de Bruxelas crescem junto à Cintura Rodoviária Interna de Paredes. Já lá vão três anos desde que a primeira horta comunitária do Concelho nasceu junto ao Bairro do Sonho, fruto de uma parceria da Câmara Municipal e do movimento Paredes em Transição (PeT). Desde então, 11 novos espaços vieram juntar-se ao primeiro, formando uma constelação que abarca todo o concelho.

O terceiro aniversário desta constelação de hortas foi marcado com uma pequena celebração na Horta Comunitária do Bairro do Sonho, e contou com a presença da Vereadora do Ambiente, Raquel Moreira da Silva, elementos do PeT e vários dos munícipes que utilizam as hortas.

Para a vereadora, que, juntamente com alguns dos presentes, se afadigava à volta de um fogão de campanha na preparação de um caldo com ingredientes colhidos momentos antes, o momento é de celebração.

“As pequenas vitórias devem ser celebradas, a Constelação de Hortas comunitárias de Paredes é uma vitória e esta é uma excelente maneira de a celebrar. Foi um convite que não podia recusar”, disse, acrescentando que o objectivo principal destas hortas é proporcionar um espaço para cultivar a quem o não tem.

“Paredes é um município cada vez mais urbano, e há muitas pessoas que gostariam de ter uma bocado de terra para cultivar perto de casa. Com este projecto damos resposta a essa necessidade. Por outro lado, e cada vez mais, as pessoas passaram a compostar os seus resíduos orgânicos. Cria-se solo fértil, poupa-se na logística e contribui-se para reduzir o volume de resíduos que seguem para o aterro sanitário. Ficamos todos a ganhar”.

Vanda Lopes, arquitecta paisagista e membro do PeT, entidade que, ao abrigo de um protocolo com a Câmara Municipal ficou encarregue da gestão destes espaços, explicou que as listas de espera são longas e as vagas são cada vez mais raras. “No início, o tempo de espera até era curto. Muitas pessoas aventuravam-se a cultivar sem terem ideia do que se estavam a meter e dois ou três meses mais tarde desencantavam-se e devolviam o talhão, mas desde que a situação económica piorou, deixámos de ter desistências”.


Para Rosalina Lima, viúva, moradora no Bairro do Sonho, a horta comunitária foi a concretização de um sonho antigo.

“É uma maravilha! Eu fui criada nos campos, e fazia-me muita falta. Os moradores do rés-do-chão ainda tinham um bocadinho de terreno nas traseiras do prédio, mas eu moro num segundo andar. Agora tiro o suficiente para mim e ainda dou muita coisa aos vizinhos.”

A horta é, também, um espaço de lazer e confraternização que contribui para se criar um espírito de comunidade. Ao lado de Rosalina, Palmira Neiva, também ela reformada, ajuda a recolher as últimas vagens da temporada.

“Este espaço é muito bonito. A gente passa aqui muito tempo. Também se troca muita coisa: sementes, rebentos, plantas... ajudamo-nos muito uns aos outros. Faz bem à alma!”

Saboreando o caldo ainda fumegante, Raquel Moreira da Silva e Vanda Lopes fazem um balanço dos últimos 3 anos: “É curioso como desde que iniciámos o projectos das hortas comunitárias, o entusiasmo pelo cultivo de alimentos alastrou à comunidade em geral. Já há muito tempo não se produziam tantos alimentos em Paredes”, diz a vereadora, ao que a arquitecta paisagista acrescenta: “Ao incentivarmos a produção de comida local, diminuímos a dependência do município de alimentos de origem estrangeira. É menos comida que chega de fora, menos quilómetros percorridos, o que ajuda a reduzir a nossa pegada ecológica e a equilibrar a balança comercial. É isso que estamos a fazer com o apoio da Câmara Municipal e é esse o espírito do movimento de Transição.


João Dinis Lapiseiro



sábado, 30 de outubro de 2010

Decisões pessoais que mudarão o Mundo

Ainda sobre a conferência Glocal 2010.
No final do workshop sobre o movimento Cidades em Transição, foi entregue um post-it a cada um dos presentes, a quem a Jacqi Hodgson pediu que formulasse uma decisão que ajudasse a tornar o planeta mais sustentável. Os post-its foram afixados na parede, junto aos posters, para todos verem.
Apareceram muitas decisões semelhantes, como consumir produtos locais, andar mais a pé e iniciar um movimento de Transição, o que é excelente!

Estas foram as decisões que mudarão o Mundo:

  • Dar preferência a produtos certificados
  • Ter a minha própria horta
  • Formar uma rede de troca de produtos produzidos em casa
  • Consumir menos carne e peixe
  • Iniciar um centro de treino de competências, de forma a contribuir para a troca de informação, experiência e ideias entre a população de Vila Nova de Gaia
  • Viver, trabalhar, comer, deslocar-me mais local e responsavelmente
  • Não vou desistir de caminhar para a sustentabilidade, pelo amor que tenho aos meus filhos
  • Vou falar com os meus amigos sobre o workshop de hoje
  • Desenvolver um projecto de melhoria ambiental na instituição onde trabalho, envolvendo a participação de todos
  • Organizar um grupo para iniciar um movimento de Transição
  • Consumir alimentos locais
  • Não usar tantas coisas
  • Partilhar
  • Aprender e ensinar
  • Valorizar a agricultura sustentável
  • Ajudar a divulgar o movimento Cidades em Transição
  • Participar em mais conferências e workshops sobre o tema das Cidades em Transição
  • Plantar bolotas
  • Compostagem em casa
  • Ter em conta o factor “sazonalidade” na minha alimentação
  • Evitar andar de avião
  • Compostagem caseira na minha urbanização
  • Colocar painéis solares
  • Ecomorfose (deve ter sido o Ricardo ;)
  • Sensibilização
  • Boicotar supermercados e hipermercados
  • Consumir produtos nacionais
  • Reutilizar tudo o que seja reutilizável
  • Trocar
  • Andar a pé
  • Andar d bicicleta
  • Voluntariar
  • Deixar de ligar a Modas
  • Ajudar uma aldeia em processo d desertificação a efectuar a Transição e ir para lá viver
  • Transmitir a mensagem com confiança, boa vontade e mobilizar amigos e colegas de trabalho para agir
  • Trabalhar num sistema de indicadores ecológicos para espaços urbanos
  • Implementar um projecto de Transição no meu local de trabalho

Ainda houve estas 3 decisões, expressas num aspecto mais gráfico:


Alguém devia ajudar a pessoa da esquerda!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

GLOCAL 2010. Exercício de backcasting

Uma observação que me esqueci de colocar na mensagem anterior: a afluência ao workshop sobre o movimento de Transição, que teve lugar durante as sessões paralelas da tarde do dia 21, na GLOCAL 2010, foi verdadeiramente surpreendente, tendo quase atingido o dobro do número inicialmente esperado. Foi, de longe, a sessão mais participada da tarde e isto diz muito sobre o interesse que o tema da Transição está a despertar no nosso país.


Sobre o exercício de backcasting realizado nessa tarde:

O Energy Descent Action Plan (EDAP), ou Plano de Acção para o Decrescimento Energético de Totnes (PADE), que foi coordenado pela Jacqi Hodgson, teve por base um longo e detalhado exercício de backcasting – um conceito desenvolvido nos anos 70 pelo americano Amory Lovins – que consiste em imaginarmos o futuro que desejamos viver e identificar os passos que teremos que dar para lá chegarmos. Assim, tendo estabelecido os objectivos a atingir no ano de, por exemplo, 2030, teremos que identificar as várias etapas que terão que ser ultrapassadas nos anos anteriores (por ex: 2025, 2020 e 2015) para atingirmos esses objectivos. E há que começar, claro está, no presente.

Ora para criarmos um futuro, é essencial que tenhamos uma ideia bastante razoável do que queremos que ele seja e de quais as condições com que teremos de trabalhar, ou seja, quais as alterações que poderão ser esperadas face às condições actuais: qual deverá ser a população mundial em 2030? Como será o crescimento económico? Como estará o custo das energias? Etc., etc. etc...

Os pressupostos adiantados pela assistência foram os seguintes:

  • A população da Terra será mais numerosa
  • A energia será muito mais cara
  • Decrescimento económico
  • Os efeitos das alterações climáticas fazem-se sentir com maior intensidade
  • Haverá menos alimentos disponíveis
  • Uso racionado dos transportes

Com os pressupostos identificados, fizemos, então, um exercício de visualização, em que cada um de nós imaginou o futuro que deseja para si. A Jacqi convidou-nos a fechar os olhos e a imaginar que acordamos em 2030. Observemos o mundo à nossa volta: como é a interacção entre as pessoas? Como são as habitações, os edifícios, a paisagem… como são as vias de mobilidade e como se efectua a própria mobilidade? O que comemos, como é o panorama ambiental... que sons ouvimos, que cores vemos…

Este é o futuro como queremos que ele venha a ser, e o ponto de partida para a elaboração do Plano de Decrescimento Energético.

Pedimos, então, à assistência para se distribuir em grupos de 6 pessoas e construir o cenário desejado para 2030 e identificar os vários passos para lá se chegar. Dado o pouco tempo disponível, decidimos que nos iríamos debruçar unicamente sobre a alimentação, um dos componentes fundamentais de qualquer EDAP.



Cada grupo elegeu uma pessoa para registar as conclusões nos posters que havíamos afixado nas paredes, e à volta dos quais novas soluções começavam a germinar.


O cenário desejado pela assistência para 2030 foi este:

  • 80 % dos alimentos que consumimos são produzidos em Portugal;
  • Consumimos uma alimentação mais natural, constituída por produtos locais e na época;
  • Novas receitas valorizam estes produtos;
  • A produção local de proximidade é extremamente valorizada pelo consumidor;
  • Os produtos de agricultura biológica são, agora, muito mais baratos do que eram em 2010;
  • Os modos de produção agrícola são sustentáveis, independentes de produtos químicos e de combustíveis fósseis;
  • Foram introduzidas alterações importantes face à dieta que tínhamos em 2010, que incluem um menor consumo de carne e refeições menos abundantes, por opção;
  • Pré-cozinhados e fast-food são quase uma coisa do passado
  • Há mais espaços públicos, repletos de árvores de fruto;
  • Assistiu-se a uma espécie de regresso às origens com imensas pessoas a cultivarem parte do que consomem em hortas domésticas. Hortas comunitárias proporcionam um espaço para os que não têm terreno próprio poderem cultivar;
  • Muitos edifícios têm hortas nos telhados;
  • As pessoas trocam produtos alimentares entre si, muitas vezes em feiras realizadas com esse objectivo;
  • Sistemas agro-florestais permitem produzir alimentos com muito pouco esforço;
  • Refeições comunitárias incentivam a aproximação entre vizinhos, a variedade na dieta e solidariedade entre cidadãos;
  • A água é gerida de uma maneira muito mais eficiente, sendo, muitas vezes, reutilizada
  • Menos desperdício;
  • Produção de carne a nível local;
  • Produtores de agricultura industrial pagam o valor justo pelos serviços que lhes são prestados pela natureza
  • Já existem alimentos disponíveis no mercado sob a forma de pílulas ou pastilhas.





Estes são os passos que a audiência entendeu que deverão ser dados até 2025 para se chegar ao cenário traçado para 2030:

  • Concretização de um novo modelo produtivo agrícola de proximidade;
  • Cidadãos assumem preferência por produtos nacionais ou mesmo locais e biológicos. A inclusão destes alimentos na dieta é vista como um melhoramento na qualidade de vida;
  • Reaproveitamento de águas domésticas;
  • Criar uma taxa elevada sobre a importação de alimentos e incentivos à venda dos produtos nacionais no país;
  • Informação nos menus dos restaurantes deve conter dados como origem biológica (ou não) e quilómetros percorridos pelos ingredientes;
  • Hortas colectivas, mercados de trocas de produtos
  • Redes de distribuição flexíveis, com mercados com horários alargados fomentando o comércio de proximidade;
  • “Cidades agrícolas” – anéis agrícolas em torno das cidades permitem abastecê-las de produtos frescos e de qualidade;
  • Biotecnologia ao serviço da produção e transformação de alimentos

2020:

  • Maior articulação entre decisores políticos e a sociedade civil;
  • Adopção de técnicas de cultivo alternativas;
  • Novos modelos de organização espacial com reconversão de terrenos para o uso agrícola;
  • Rótulos com a “Pegada Ecológica” nos alimentos;
  • Cooperativismo;
  • Qualificação e disseminação regional de conhecimentos com ênfase na sustentabilidade;
  • Estabelecimento de vias de distribuição para os alimentos alternativas;

2015:

  • Choque!
  • Recuperação e difusão de técnicas e práticas agrícolas e pecuárias sustentáveis;
  • Recolha de sementes tradicionais;
  • Valorização da agricultura local;
  • Boicote aos supermercados;
  • Grandes produtores são obrigados a compensar aqueles que são afectados pelas externalidades resultantes da sua actividade;
  • Promoção da entreajuda;
  • Moratória de 15 anos à pesca do bacalhau;
  • Planeamento agro-consciente das cidades;
  • Fim de subsídios perversos.

E hoje, 2010:

  • Alerta!
  • Formação, sensibilização e educação, para modos de vida e alimentação saudáveis, incluindo professores que passarão erra informação aos seus alunos;
  • A produção biológica de alimentos faz parte dos curricula escolares;
  • Alteração dos hábitos de consumo, com preferência por produtos naturais nacionais;
  • Directórios de comida local;
  • Criação de bancos de sementes;
  • Campanha pela disseminação de árvores de frutos secos por todo o país;
  • Mobilização dos líderes de opinião;
  • Autarquias disponibilizam terrenos para criação de hortas comunitárias;
  • Quadro legislativo adaptado à produção local de alimentos, incluindo a alteração das políticas de uso dos solos e o financiamento a agricultores para incentivar a produção nacional;
  • Formação e informação sobre o movimento de Transição.


sábado, 23 de outubro de 2010

Jacqi Hodgson no GLOCAL 2010

Na Quinta-feira passada, 21 de Outubro, tive a oportunidade de apresentar, juntamente com a Jacqi Hodgson, coordenadora do projecto de decrescimento energético da cidade de Totnes, e autora do livro "Transition in Action: Totnes and District 2030. An Energy Descent Plan", uma palestra subordinada ao tema do movimento de Transição, em que também se falou do caso Paredes em Transição, em Portugal.
Esta palestra foi parte da a conferência GLOCAL 2010, organizada pela Câmara Municipal de Cascais e a Universidade Católica, e decorreu entre 20 e 22 de Outubro, nas instalações da LIPOR, em Ermesinde.
De notar que, na manhã do mesmo dia, o Luís Queirós, o autor do blog "Transição", apresentou o programa Rio Vivo, um movimento de Transição na aldeia de São Pedro de Rio Seco, no concelho de Almeida, de onde é natural, e de que é co-fundador.


A Jacqi tinha preparado uma apresentação adaptada ao caso português, em que a percepção das pessoas face ao problema do pico do petróleo é bem menor do que, por exemplo, no Reino Unido, de modo que, no início, esse tema foi bem abordado, passando então ao problema das alterações climáticas e tocando, em seguida e ao de leve, a contracção económica que se espera que venha a acontecer. Terminou esta fase da apresentação mencionando que o Modelo de Transição é a resposta lógica a estes problemas, encarando-os simultâneamente, iniciando um programa de relocalização da economia, decrescimento energético e reconstrução das resiliências locais.

Foi, então, apresentado o caso da cidade de Totnes (ou Transition Town Totnes, como agora é mais conhecida :-), mencionando-se os vários grupos de trabalho que foram constituídos, e apresentados alguns dos projectos com maior impacto na comunidade, como o lançamento de uma moeda local, as histórias da Transição (Transition Tales), o directório dos produtores de alimentos locais e as Ruas em Transição (Transition Streets).

Coube-me a mim, então, apresentar a nossa experiência com a criação do movimento Paredes em Transição, e o nosso colega Rúben subiu, então ao palco para apresentar o projecto Prove Terras do Sousa.

Esta palestra terminou com a realização de um curto exercício de criação de um plano de decrescimento energético, em que a assistência participou activamente. Este exercício será o tema do próximo artigo neste blog.



No momento da despedida, foi pedido a cada pessoa que formulasse um voto de modificar ou introduzir algo nas suas vidas que contribuísse para a sustentabilidade do Planeta, que o escrevesse num post-it, e que o partilhasse com todos, afixando-o na parede.


Projecção do filme "End of Suburbia" em Telheiras, Lisboa

O grupo iniciador do movimento de Transição de Telheiras, Lisboa, realizará, na próxima 4ª feira, dia 27 de Outubro um evento sob o título "Há Petróleo em Telheiras? A vida na era Pós-Carbono", que incluirá a presença de Luís Queirós, autor do blog "Transição", (cujo link pode ser encontrado na coluna à direita), e com a projecção do filme documentário "End of Suburbia - Oil depletion & the collapse of the american dream".


O evento terá lugar na biblioteca municipal Orlando Ribeiro, às 21h, em Telheiras.

O documentário fala-nos do pico do petróleo, o modo de vida nas cidades, os transportes, a economia global e a deslocalização das pessoas para os subúrbios e conta com a intervenção de vários autores e intervenientes das áreas de urbanismo e energia.

Aconselha-se a comparência. O filme é bom.

Preferencialmente com inscrição na sede, por mail, ou no facebook.

Links úteis:

https://sites.google.com/site/picodopetroleo/

www.endofsuburbia.com/previews.htm

www.transitionnetwork.org/

Ligação no Facebook:

http://www.facebook.com/event.php?eid=161891603840027&ref=mf




sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Sobre a guerra do lixo em Nápoles

De Claudio Oliver:

Sobre a guerra do lixo em Nápoles - O acúmulo de lixo, lá e aqui, é a consequência mais visível da adicção ao consumo apático, religiosamente impulsionado por uma visão reducionista e econômica da realidade. Preciclar, questionar o consumo, reintegrar seus resíduos ao ciclo da vida e não alimentar a cadeia da morte, ficar com o próprio lixo e destiná-lo para a comunidade, evitam os morros do Bumba, o aterro do vesúvio (a próxima Herculano e Pompéia seria soterrada por uma mescla de lava e chorume?) e os "aterros sanitários", que mantém as máfias de corruptos aqui e lá, que se torna dependência política e de políticos e que assina embaixo a declaração de incompetência dos cidadãos que perderam a capacidade de serem agentes de seu próprio destino. Cuidar do próprio lixo é um dos atos políticos mais perigosos e eficientes para quebrar a espinha do sistema que nos consome.

Claudio Oliver. para ver a matéria do (ARGHHH) Estadão:

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101022/not_imp628095,0.php

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Jacqi Hodgson, da Transition Network em Paredes na Sexta-feira à noite

A palestra vai mesmo acontecer!

Casa da Cultura de Paredes às 9:30 pm.

Algumas informações sobre como chegar lá:

Quem vier de carro, o melhor é sair em Paredes e na Rotunda virar à direita. Passam mais uma rotunda, continuam a descer e viram à esquerda na Rua Infante D. Henrique. A Casa da Cultura fica um pouco depois do primeiro cruzamento (atenção ao STOP!), do lado direito.
Junto um mapa para facilitar a navegação.
Tenham uma boa viagem, cá os esperamos.
Miguel Leal e o Movimento Paredes em Transição

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Jacqi Hodgson, da Transition Network em Paredes na Sexta-feira à noite

URGENTE!!!!
Caríssimos, temos a hipótese de termos a Jacqi Hodgson, da Transition Network, autora do livro "‘Transition in Action: Totnes and District 2030. An Energy Descent Plan" em Paredes na Sexta-feira à noite, para fazer uma palestra sobre o Movimento de Cidades em Transição sem custos para a audiência. É uma oportunidade única que seria uma pena perdermos.
É muito em cima da hora, mas ainda dá para organizar se tivermos assistência. Preciso de saber quem, entre nós, estaria interessado em vir, e se conseguiriam trazer outras pessoas com vocês. Se tivermos pelo menos umas 15 pessoas, organizo a coisa.
João, colocas uma mensagem no Ning?
Mais informações sobre local mais à frente.
Um abraço de transição,
Miguel

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Núcleo de Paredes do Projecto Prove Terras do Sousa

Gostaria de vos apresentar o projecto Prove Terras do Sousa, de que faço parte e de que estou bastante orgulhoso.

O Prove tem por objectivo criar uma ligação directa entre consumidor e produtor agrícola, proporcionando produtos horto-frutícolas que são apresentados em cabazes de peso compreendido entres os 6 e os 9 quilogramas.

Colhidos no próprio dia das entregas, os produtos hortícolas presentes nos cabazes, que resultam de processos de agricultura tradicional, apresentam sabor e frescura inigualáveis por produtos adquiridos nas grandes superfícies.




O núcleo Prove de Paredes iniciou a sua actividade em Julho de 2009, com um grupo de 6 pequenos produtores do concelho de Paredes, representativos de 5 freguesias.

A entrega dos cabazes horto-frutícolas realiza-se nas instalações da Cooperativa Agrícola de Paredes, que apoiou a iniciativa desde a primeira hora.

Passado um ano, o núcleo de produtores reduziu-se a 4, consolidando-se o número de entregas de cabazes nas 60 unidades por mês, entre clientes semanais e quinzenais.

Ainda em Outubro de 2009, foi apresentado o desafio de levar a iniciativa Prove à área metropolitana do Porto, passando o núcleo Prove Paredes a entregar cabazes em Ermesinde (no Horto NaturEsplendor) e no Porto, no Horto Quinta do Tronco, no Amial. As entregas nestes dois pontos totalizam já 88 cabazes por mês.

O Núcleo de Paredes faz questão em entregar os seus produtos em cabazes de verga, divulgando e fomentando a actividade dos artesãos do vale do Sousa.
Pode encontrar-nos
aqui.

Primeira Feira de Agricultores e Produtores Locais de Paredes

Este artigo foi publicado no jornal O Verdadeiro Olhar, em Paredes, no dia 8 de Outubro de 2010.


Já agora... não acreditem no título! Trata-se de uma estória de transição (mais sobre estórias de transição - em inglês - pode ser encontrado aqui)



7 de Outubro de 2011


Primeira Feira de Agricultores e Produtores Locais de Paredes



Realizou-se, no passado Sábado, a primeira Feira de Agricultores e Produtores Locais de Paredes. O evento, que decorreu no Parque da Cidade, reuniu 23 agricultores e produtores locais e centenas de fregueses que, ao final da manhã, pouco deixaram nas bancas.

A feira franca foi organizada pelo movimento Paredes em Transição, com o apoio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Castelões de Cepeda. Ruben Carminé, um dos organizadores, mostrou-se surpreendido com a elevada afluência. “Para a pouca publicidade que fizemos, e para um primeiro evento, o número de pessoas que apareceu é verdadeiramente surpreendente”.

Segundo este jovem agricultor de 36 anos, o objectivo da feira é incentivar a população a consumir localmente, estimulando-se, assim, a produção local. “Não faz sentido entrarmos num hipermercado e encontrar-mos frutas e legumes que chegam da Espanha, da Argentina, de Israel, e praticamente nada ou quase nada de produção nacional. Para além disso, esses produtos viajam centenas ou milhares de quilómetros e, em regra, chegam-nos ao prato dias e dias após terem sido colhidos. Grande parte do valor nutritivo do alimento já se perdeu. Aqui temos produtos de qualidade, produzidos localmente. Na maioria dos casos, o produto foi colhido do campo hoje mesmo!”

A feira foi inaugurada pelo Presidente da Câmara de Paredes. Celso Ferreira, visivelmente bem disposto, podia ser visto a conversar com os agricultores, e não deixou de comprar alguns dos produtos à venda.

Segundo o autarca, esta experiência, apoiada desde o primeiro minuto pelo Município, deverá gerar orientações que guiarão a realização de futuros eventos deste género, neste e noutros locais do município.

“Esta é uma iniciativa que fazia falta em Paredes. É uma excelente maneira de incentivarmos a produção local, de fortalecermos a economia paredense. Gera-se aqui dinheiro que vai ser reinvestido no município. É também mais um passo na direcção da sustentabilidade de Paredes e uma iniciativa que dignifica a actividade agrícola. Especialmente a do pequeno agricultor. Queremos replicá-la.

Para João Acelga, de Mouriz, agricultor a meio-tempo, que a meio da manhã já tinha a banca praticamente vazia, a feira de produtores locais só traz benefícios. Se houver mais feiras destas, é um incentivo para o agricultor produzir, pois sabe que consegue escoar a produção. Vender nas grandes superfícies é só para alguns. O agricultor nas horas vagas tem dificuldade em vender. Muitas vezes acabamos por distribuir o que produzimos pela família, pelos vizinhos… muitas vezes alguma da fruta até acaba por se estragar na árvore. E com os tempos que correm...”

A actual situação económica é o que preocupa Adelina Rato, de 55 anos, reformada prematuramente. “A vida está muito difícil. Nesta situação é bom a gente poder comprar directamente ao agricultor. É bom para nós e é bom para o agricultor”.

Neste mercado alternativo foram, ainda, apresentados alguns produtos de agricultura biológica. Marta Dias, mãe de duas crianças em idade escolar, não escondia a sua satisfação face à diversidade de produtos. “Isto é fantástico. Estou a comprar todos estes vegetais biológicos a um preço que pouco supera os convencionais!

Ao fim da manhã, para Ruben Carminé e outros cidadãos envolvidos no movimento Paredes em Transição, é tempo de fazer um balanço do projecto. “Correu muito bem. Correu até melhor do que esperávamos. Para bem, passaríamos a ter uma feira destas todos os meses. Já estamos em Transição!”


João Dinis Lapiseiro

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

1.º Curso de Iniciativas de Transição, Pombal, 16 e 17 de Outubro de 2010

Este fim-de-semana desloquei-me à bela cidade de Pombal para frequentar o que foi o 1.º Curso de Iniciativas de Transição em Portugal, organizado pelos nossos colegas do movimento Pombal em Transição.
O curso foi dinamizado por May East, da eco-aldeia de Findhorn, na Escócia, e por Mandy Dean, do movimento de Transição de Bro Ddyfi, no País de Gales. Não poderia ter corrido melhor. As dinamizadores foram excelentes, o conteúdo foi excelente, as instalações, na Junta de Freguesia de Pombal, excelentes, a organização excelente, e o mesmo com os participantes, que chegaram de todo o país. Não ficou uma única vaga por preencher.
Talvez o melhor deste curso tenha sido mesmo a comunidade que se iniciou ali, com gente interessada em criar iniciativas de transição nas suas vilas, aldeias, cidades, e dar início à transição do Portugal que temos para um Portugal mais resiliente, solidário e positivo. Foi um fim-de-semana de trabalho, sim, mas também de muita satisfação, e do qual saí muito enriquecido.
Gostaria de agradecer o convite aos colegas do Pombal em Transição e ao João Leitão, em particular.


O João Leitão, do movimento Pombal em Transição deu início aos trabalhos.




Confraternização ao fim do primeiro dia, na escadaria da igreja, no Largo Marquês de Pombal.



No final do exercício de Espaço Aberto.


Exercício de back-casting.



No final, cada um partilhou as suas impressões sobre o evento, e sobre as perpectivas do futuro que daqui pode germinar. O Ricardo foi o Maior!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Formação de um Grupo Iniciador

Rob Hopkins, fundador do movimento de Transição e autor do livro "The Transition Manual", está a reformular a metodologia para criação de Iniciativas de Transição, tendo substituido os "12 Passos para a Transição" por um conjunto de padrões comuns a todas as iniciativas de sucesso. Achei interessante e oportuno traduzir este, sobre a constituição do Grupo Iniciador do movimento:

As etapas iniciais de uma Iniciativa de Transição não se podem apoiar meramente no entusiasmo de uma pessoa isolada. Para que a Iniciativa tenha viabilidade no longo prazo, é essencial que se forme um grupo de pessoas que consiga levar o projecto avante. Estas pessoas deverão encontrar uma forma de conseguirem trabalhar em conjunto e produzirem resultados, e deverão ver o seu papel como catalisadores – pioneiros –, que desenvolvem a Iniciativa até um ponto a partir do qual deixam de ser necessários.

Texto Principal

Núcleos duros, grupos iniciadores, o que quer que seja que desejemos chamar-lhes, aparecem numa atraente diversidade de configurações. Os elementos poderão ter já colaborado em projectos anteriores, poderão conhecer-se socialmente, poderão ter-se aglutinado à volta de um pioneiro que decidiu criar uma iniciativa de Transição e convidou outros para se lhe juntarem, ou podem até ter aparecido depois de terem lido uma notícia num jornal.

Muitas vezes as pessoas estão extremamente interessadas em começar uma Iniciativa de Transição, mas deparam com dificuldades em encontrar outras pessoas que partilhem do seu entusiasmo. Neste contexto, talvez possamos aplicar algum pensamento lateral, e encontrar outros acessos para a comunidade. Lembro-me de, uma vez, ter perguntado ao Dr. David Fleming o que é que uma pessoa poderia fazer, se só pudesse fazer uma única coisa, para tornar a sua comunidade mais resiliente. Após uma longa pausa, respondeu-me: “Integrar o coro local”.

Assumindo que já está formado um grupo com vontade de construir uma Iniciativa de Transição, o que deverá acontecer em seguida? No livro ‘The Transition Handbook’, a ideia era “Formar um grupo iniciador e planear a sua dissolução desde o início”. Com isto queríamos tornar explícito a ideia de que, em muitos projectos comunitários, alguns membros do grupo iniciador acabam por permanecer demasiado tempo nos seus cargos, formando uma base de apoio a pessoas que melhor serviriam o grupo se se afastassem para permitir a entrada de sangue novo. Meg Wheatley coloca as coisas desta maneira:

“em auto-organização, as estruturas emergem por si. Não são impostas. Nascem do processo de criar trabalho. Estas estruturas serão úteis mas temporárias. Podemos esperar vê-las aparecer e desaparecer à medida das necessidades. Não é o planeamento de uma estrutura específica que requer a nossa atenção, mas antes as condições que propiciem a emergência destas estruturas que são necessárias”.

Esta ideia também tinha por objectivo proporcionar alguma tranquilidade àqueles que poderiam recear que o envolvimento numa Iniciativa de Transição se traduzisse numa dedicação prolongada, durante todo o projecto de relocalização e descarbonização da sua localidade, um Trabalho de Sísifo!

3 anos após o lançamento do livro “The Transition Handbook”, a ideia funcionou para alguns, mas não para outros. Durante o evento em que se apresentou à Comunidade, o grupo iníciador da iniciativa Transition Forest Row anunciou à assistência: “Nós chegámos até aqui, se querem dar continuidade a este projecto, esta é a vossa oportunidade para se envolverem”. No caso da Transition Town Lewes o grupo iniciador dissolveu-se literalmente, um processo que foi doloroso mas que trouxe novo vigor ao projecto.

Para outras iniciativas, a ideia de dissolver o grupo iniciador quando as coisas parecem ter adquirido momento e o grupo já se tinha acostumado a trabalhar em conjunto, soa a perfeito disparate. Não há um modelo imutável. O melhor modelo será o que funciona para cada grupo. No entanto, deixo algumas sugestões que poderão aumentar as hipóteses de sucesso de um grupo iniciador.

  • Tente recrutar um grupo diverso, reflectindo, o mais possível, a composição da comunidade. Continue a perguntar a si próprio: “Quem deveria estar cá que ainda não está?” Tente ter a maior diversidade de capacidades: financeiras, legais, organisacionais, bem como pessoas com bons contactos na comunidade.
  • Inclua alguém experiente em liderar reuniões, para facilitar as primeiras, de modo a criar bons hábitos desde o início.
  • Desce cedo, desenvolva e coloque por escrito alguns objectivos claros para o grupo.
  • Torne as suas reuniões em mais do que meras reuniões. No caso da Transition Town Totnes, as reuniões terminam, de um modo geral, com um almoço em que partilhamos o que cada um trouxe.

Com o tempo, a composição do grupo iniciador deverá evoluir de modo a que este, cada vez mais, inclua representantes de cada grupo de trabalho, de modo a que o processo de tomada de decisões dentro da Iniciativa de Transição seja liderada por pessoas que estão no terreno, a fazer com que as coisas aconteçam.

A Solução:

O seu grupo iniciador pode ter origem num largo leque de possibilidades; pode ser um grupo pré-existente que decide renascer como Iniciativa de Transição, pode ser um grupo de amigos, podem ser desconhecidos que se juntaram num evento ou através de um pedido de ajuda, podem até ser pessoas que convergem à volta de um indivíduo dinâmico e motivado. O principal é que o grupo encontre maneiras de trabalhar em conjunto, e que em vez de construir uma base de apoio que permita que alguém permaneça no poder, veja a sua missão como criar uma estrutura que outros virão a habitar.

As reuniões funcionarão muito melhor e serão muito mais produtivas se os participantes se comportarem com civilidade e interajam com respeito uns com os outros. Alguns membros com menos experiência em falarem para grupos podem precisar de apoio e experiência para intervirem em público. É vital que os princípios de Inclusão e Diversidade sejam tidos em mente. Com o tempo, o grupo iniciador evoluirá à volta do Conceito de Apoio a Projectos, assumindo o papel de apoiar o trabalho desenvolvido pelos projectos em curso. Poderá até descobrir que será bastante útil que a sua Iniciativa de Transição tenha um grupo Heart and Soul que ofereça Apoio Emocional/Evitar o Esgotamento aos membros do Grupo Iniciador.