Terrenos dedicados à agricultura biológica no concelho vão duplicar
Estimular a agricultura biológica no concelho é o objectivo do projecto lançado pela autarquia penafidelense. No passado domingo, seis novos agricultores decidiram abraçar este modo de produção, tendo assinado protocolo com a autarquia, na Quinta de Segade, em Bustelo.
Através desta parceria, a Câmara pretende encontrar soluções para terras agrícolas abandonadas, criando emprego e dinamizando os produtos locais. O protocolo prevê que a autarquia passe a apoiar, a 50 por cento, a formação na área da agricultura biológica; a prestação de apoio técnico; e a certificação das terras - a 100 por cento no primeiro ano, a 50 por cento no segundo e a 25 por cento no terceiro -, cujo valor pode chegar aos 400 euros por produtor.
Com a adesão destes novos produtores à agricultura biológica o concelho passa a ter oito quintas dedicadas a esta prática. Como explicou Susana Oliveira, vereadora do Desenvolvimento Rural, as terras afectas a este modo de produção passam a ser o dobro – 32 hectares, o que prova que o projecto arrancou "com algum sucesso".
Com os apoios prestados, entre estes o apoio de técnicos da Direcção Regional da Agricultura e Pescas do Norte, a vereadora acredita que o número de produtores interessados possa vir a aumentar. Mas, explicou, isso exige uma mudança de mentalidade. "A agricultura biológica pode ser um instrumento de desenvolvimento sustentado das zonas rurais", garantiu Susana Oliveira.
Produtos com mais qualidade e sabor
Os benefícios dos produtos biológicos são muitos, apontam os novos produtores. Mais qualidade, mais sabor, produtos sem químicos e, por isso, mais saudáveis.
Olga Oliveira, engenheira agrária, foi uma das que aceitou o desafio e está, em Peroselo, a recuperar cinco hectares de terra que estavam abandonados. Acredita que o mais difícil será o escoamento de produtos. "No nosso meio as pessoas não estão mentalizadas para pagar valor acrescentado por um produto biológico", referiu. Também José Maria está a dar vida a terras que estavam por cultivar, em São Martinho de Recezinhos. Já produzem vinho e hortícolas e, apesar de, para já, a produção ser baixa, esperam poder vir a ter um funcionário a tempo inteiro. Em Cabeça Santa, Marinho Rocha, estando desempregado, começou a cultivar terrenos dos avós que estavam abandonados para consumo familiar. Quando soube dos incentivos resolveu aproveitar a oportunidade.
Quinta de Segade já é 100 por cento biológica
Na Quinta de Segade há cinco anos que a produção é biológica. Segundo António Sousa Pereira, um dos proprietários, acharam que esta forma de fazer agricultura é "mais interessante do ponto de vista ambiental e da qualidade dos produtos". Os resultados, assegura, são positivos. Toda a produção é escoada para o mercado de produtos biológicos no Porto, os cabazes do Prove e venda directa.
Quem compra, explicou, são pessoas das zonas urbanas, mais despertas para as questões ambientais. Neste momento, disse António Sousa Pereira, o que é preciso é volume de produção para pensarem noutras formas de comercialização.
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