Paredes em Transição

O movimento Paredes em Transição é uma rede de amigos que vivem na cidade de Paredes, no Norte de Portugal, que partilham a preocupação de que a debilitante dependência em combustíveis baratos de que a nossa sociedade e economia padecem – e que não está a receber a devida atenção dos vários governos, que parecem actuar na premissa de que o petróleo barato e abundante continuará por cá em perpetuidade – possa vir a resultar em graves e imprevisíveis problemas de que a tecnologia não conseguirá livrar-nos, e que poderão afectar muito negativamente o nosso futuro e o dos nossos filhos. Saiba mais no menu Projecto.

domingo, 31 de outubro de 2010

Terceiro Aniversário da Constelação de Hortas Comunitárias de Paredes

Mais outra estória de Transição que foi publicada no jornal O Verdadeiro Olhar, de Paredes, na Sexta-feira passada. Como é uma estória de Transição, não acreditem no título!
Outra estória de Transição aqui.


Terceiro Aniversário da Constelação de Hortas Comunitárias de Paredes

22 de Outubro de 2014

Nabos, brócolos e alfaces. Endívias, aipo e espinafres. Salsa, rabanetes e todo o tipo de couves, incluindo a flor e a de Bruxelas crescem junto à Cintura Rodoviária Interna de Paredes. Já lá vão três anos desde que a primeira horta comunitária do Concelho nasceu junto ao Bairro do Sonho, fruto de uma parceria da Câmara Municipal e do movimento Paredes em Transição (PeT). Desde então, 11 novos espaços vieram juntar-se ao primeiro, formando uma constelação que abarca todo o concelho.

O terceiro aniversário desta constelação de hortas foi marcado com uma pequena celebração na Horta Comunitária do Bairro do Sonho, e contou com a presença da Vereadora do Ambiente, Raquel Moreira da Silva, elementos do PeT e vários dos munícipes que utilizam as hortas.

Para a vereadora, que, juntamente com alguns dos presentes, se afadigava à volta de um fogão de campanha na preparação de um caldo com ingredientes colhidos momentos antes, o momento é de celebração.

“As pequenas vitórias devem ser celebradas, a Constelação de Hortas comunitárias de Paredes é uma vitória e esta é uma excelente maneira de a celebrar. Foi um convite que não podia recusar”, disse, acrescentando que o objectivo principal destas hortas é proporcionar um espaço para cultivar a quem o não tem.

“Paredes é um município cada vez mais urbano, e há muitas pessoas que gostariam de ter uma bocado de terra para cultivar perto de casa. Com este projecto damos resposta a essa necessidade. Por outro lado, e cada vez mais, as pessoas passaram a compostar os seus resíduos orgânicos. Cria-se solo fértil, poupa-se na logística e contribui-se para reduzir o volume de resíduos que seguem para o aterro sanitário. Ficamos todos a ganhar”.

Vanda Lopes, arquitecta paisagista e membro do PeT, entidade que, ao abrigo de um protocolo com a Câmara Municipal ficou encarregue da gestão destes espaços, explicou que as listas de espera são longas e as vagas são cada vez mais raras. “No início, o tempo de espera até era curto. Muitas pessoas aventuravam-se a cultivar sem terem ideia do que se estavam a meter e dois ou três meses mais tarde desencantavam-se e devolviam o talhão, mas desde que a situação económica piorou, deixámos de ter desistências”.


Para Rosalina Lima, viúva, moradora no Bairro do Sonho, a horta comunitária foi a concretização de um sonho antigo.

“É uma maravilha! Eu fui criada nos campos, e fazia-me muita falta. Os moradores do rés-do-chão ainda tinham um bocadinho de terreno nas traseiras do prédio, mas eu moro num segundo andar. Agora tiro o suficiente para mim e ainda dou muita coisa aos vizinhos.”

A horta é, também, um espaço de lazer e confraternização que contribui para se criar um espírito de comunidade. Ao lado de Rosalina, Palmira Neiva, também ela reformada, ajuda a recolher as últimas vagens da temporada.

“Este espaço é muito bonito. A gente passa aqui muito tempo. Também se troca muita coisa: sementes, rebentos, plantas... ajudamo-nos muito uns aos outros. Faz bem à alma!”

Saboreando o caldo ainda fumegante, Raquel Moreira da Silva e Vanda Lopes fazem um balanço dos últimos 3 anos: “É curioso como desde que iniciámos o projectos das hortas comunitárias, o entusiasmo pelo cultivo de alimentos alastrou à comunidade em geral. Já há muito tempo não se produziam tantos alimentos em Paredes”, diz a vereadora, ao que a arquitecta paisagista acrescenta: “Ao incentivarmos a produção de comida local, diminuímos a dependência do município de alimentos de origem estrangeira. É menos comida que chega de fora, menos quilómetros percorridos, o que ajuda a reduzir a nossa pegada ecológica e a equilibrar a balança comercial. É isso que estamos a fazer com o apoio da Câmara Municipal e é esse o espírito do movimento de Transição.


João Dinis Lapiseiro



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