Outra estória de Transição aqui.
Terceiro Aniversário da Constelação de Hortas Comunitárias de Paredes
22 de Outubro de 2014
O terceiro aniversário desta constelação de hortas foi marcado com uma pequena celebração na Horta Comunitária do Bairro do Sonho, e contou com a presença da Vereadora do Ambiente, Raquel Moreira da Silva, elementos do PeT e vários dos munícipes que utilizam as hortas.
Para a vereadora, que, juntamente com alguns dos presentes, se afadigava à volta de um fogão de campanha na preparação de um caldo com ingredientes colhidos momentos antes, o momento é de celebração.
“As pequenas vitórias devem ser celebradas, a Constelação de Hortas comunitárias de Paredes é uma vitória e esta é uma excelente maneira de a celebrar. Foi um convite que não podia recusar”, disse, acrescentando que o objectivo principal destas hortas é proporcionar um espaço para cultivar a quem o não tem.
“Paredes é um município cada vez mais urbano, e há muitas pessoas que gostariam de ter uma bocado de terra para cultivar perto de casa. Com este projecto damos resposta a essa necessidade. Por outro lado, e cada vez mais, as pessoas passaram a compostar os seus resíduos orgânicos. Cria-se solo fértil, poupa-se na logística e contribui-se para reduzir o volume de resíduos que seguem para o aterro sanitário. Ficamos todos a ganhar”.
Vanda Lopes, arquitecta paisagista e membro do PeT, entidade que, ao abrigo de um protocolo com a Câmara Municipal ficou encarregue da gestão destes espaços, explicou que as listas de espera são longas e as vagas são cada vez mais raras. “No início, o tempo de espera até era curto. Muitas pessoas aventuravam-se a cultivar sem terem ideia do que se estavam a meter e dois ou três meses mais tarde desencantavam-se e devolviam o talhão, mas desde que a situação económica piorou, deixámos de ter desistências”.
Para Rosalina Lima, viúva, moradora no Bairro do Sonho, a horta comunitária foi a concretização de um sonho antigo.
“É uma maravilha! Eu fui criada nos campos, e fazia-me muita falta. Os moradores do rés-do-chão ainda tinham um bocadinho de terreno nas traseiras do prédio, mas eu moro num segundo andar. Agora tiro o suficiente para mim e ainda dou muita coisa aos vizinhos.”
A horta é, também, um espaço de lazer e confraternização que contribui para se criar um espírito de comunidade. Ao lado de Rosalina, Palmira Neiva, também ela reformada, ajuda a recolher as últimas vagens da temporada.
“Este espaço é muito bonito. A gente passa aqui muito tempo. Também se troca muita coisa: sementes, rebentos, plantas... ajudamo-nos muito uns aos outros. Faz bem à alma!”
Saboreando o caldo ainda fumegante, Raquel Moreira da Silva e Vanda Lopes fazem um balanço dos últimos 3 anos: “É curioso como desde que iniciámos o projectos das hortas comunitárias, o entusiasmo pelo cultivo de alimentos alastrou à comunidade em geral. Já há muito tempo não se produziam tantos alimentos em Paredes”, diz a vereadora, ao que a arquitecta paisagista acrescenta: “Ao incentivarmos a produção de comida local, diminuímos a dependência do município de alimentos de origem estrangeira. É menos comida que chega de fora, menos quilómetros percorridos, o que ajuda a reduzir a nossa pegada ecológica e a equilibrar a balança comercial. É isso que estamos a fazer com o apoio da Câmara Municipal e é esse o espírito do movimento de Transição.
João Dinis Lapiseiro
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