Paredes em Transição

O movimento Paredes em Transição é uma rede de amigos que vivem na cidade de Paredes, no Norte de Portugal, que partilham a preocupação de que a debilitante dependência em combustíveis baratos de que a nossa sociedade e economia padecem – e que não está a receber a devida atenção dos vários governos, que parecem actuar na premissa de que o petróleo barato e abundante continuará por cá em perpetuidade – possa vir a resultar em graves e imprevisíveis problemas de que a tecnologia não conseguirá livrar-nos, e que poderão afectar muito negativamente o nosso futuro e o dos nossos filhos. Saiba mais no menu Projecto.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Vozes da Transição

Na Sexta-feira à noite juntámos um bom grupo de paredenses e de visitantes de outras iniciativas de Transição do Norte de Portugal para assistirmos a uma ante-estreia do filme "Voices of Transition" - "Vozes da Transição", do realizador e produtor francês Nils Aguilar, no auditório da Associação Empresarial de Paredes.

Foi uma sessão extremamente agradável, que, para além do privilégio de podermos assistir a um filme documental que acabou de estrear em outros países da Europa, contou com uma discussão sobre o filme, sobre os desafios dos novos tempos, sobre o movimento de Transição em geral e, em particular, do que temos feito em Paredes, e do que desejamos fazer, dos sucessos e das dificuldades...
Foi um bom convívio, que contou com gente de Penafiel, Coimbra, Vila do Conde, Braga, Viana do Castelo, Porto, Rio Tinto e Montemor-o-Velho... esqueci-me de alguém?

Sobre o filme, não tenho qualquer dúvida em afirmar que é o melhor que a assisti sobre o movimento de Transição e sobre a própria transição para uma sociedade menos dependente de combustíveis fósseis, mais humana. É bastante completo, foi muito bem pesquizado e os tópicos foram muito bem escolhidos. Seria excelente se pudéssemos ter as várias iniciativas a passar este filme por todo o Portugal. Seria excelente como ferramenta de sensibilização e para apontar alternativas.
Sobre a nossa ante-estreia, foi um privilégio de colaborador, pois, juntamente com a Mariana Esteves, de Braga, participei no projecto de tradução das legendas para português, e aproveitámos esta projecção para avaliarmos a qualidade da tradução. Parece que foi aprovada com distinção ;-)



Dado que não existe, ainda, um trailer em português (e provavelmente nunca haverá), vale a pena dar uma vista de olhos ao inglês.


A página web da produtora Milpa Films pode ser encontrada aqui.


Aqui fica uma tradução da sinopse deste excelente filme:


CAPÍTULO I - reintroduzir a vida nos nossos campos

"Ao cairmos no ciclo vicioso dos fertilizantes químicos, matámos os nossos solos, deixámos as plantas doentes, e lançámo-nos num percurso para a fome." Para Claude e Lydia Bourguignon, pesquisadores em microbiologia do solo, a "Revolução Verde" não foi somente  um prolongamento da Revolução Industrial pela agricultura, mas também um verdadeiro desastre agronómico, em que o triunfo do lucro imediato sobre o bom senso esmaga o bem comum.
Na Borgonha, o jovem agricultor Oswaldo Forey deseja assumir o controlo sobre a quinta da família. O desafio é escapar às garras da agro-indústria e da grande distribuição, para poder "trazer a agronomia de volta aos campos" e diversificar as culturas e canais de distribuição. Mas tem adversários poderosos: as políticas europeias e nacionais puxam na direcção oposta.
Ao cortarmos as nossas árvores, eliminámos a principal fonte de fertilidade natural dos solos e da biodiversidade original dos campos. Haverá realmente outra maneira? Será possível que as árvores voltem a desempenhar, mais uma vez, o papel de catalisadores da vida? Na Inglaterra e na França, alguns profissionais agro-florestais partilham a sua visão do meio rural no futuro, que esperam em ver coberto com árvores ...

CAPÍTULO II - reintrodução da produção de alimentos nas cidades
E se o problema agrícola for, de facto, um problema cultural? Rob Hopkins, fundador do movimento de Transição exorta-nos  a "desligarmo-nos das histórias com que somos constantemente bombardeados, como o" batom que, supostamente nos faz mais felizes", e a desfiarmos novas histórias" - em que todos seríamos os protagonistas. O seu sonho, a cidade Totnes em transição despoletou a uma abundância de novas histórias de sucesso: desde 2006, grupos de trabalho auto-organizados lançaram moedas locais, criaram cooperativas de energias renováveis, iniciaram "Planos de Acção para Redução Energética ' e experimentam formas inovadoras de produção alimentar:  esquemas de cabazes de alimentos com o apoio da comunidade, agricultura, bosques alimentares e muito, muito mais.
Até agora, mais de 800 iniciativas locais em todo o mundo estão no caminho de assegurar mais "resiliência local", isto é, a capacidade de resistir a choques externos. O desafio é enorme, mas positivo: se prepararmos nossas comunidades para enfrentar as alterações climáticas, o pico do petróleo e a instabilidade econômica, de uma forma pacífica - já, enquanto ainda temos tempo -, seremos capazes de trazer uma melhoria na nossa qualidade de vida hoje mesmo!
Viajamos para a Cidade em Transição de Bristol", que se tornou num laboratório fabuloso de inovação social. Estamos particularmente interessados ​​em ver como as cidades podem se podem  transformar em locais de produção de alimentos: Mike Feingold, por exemplo, juntou os vizinhos, as abelhas, as galinhas e macieiras numa maneira "permacultural", de modo a produzir mel, legumes, maçãs e, por fim, " felicidade "num ambiente de horta comunitária; Sally Jenkins inspira os seus vizinhos a criar abundância de alimentos nos seus jardins; Chris Loughlin e Cia. criaram um esquema de cabazes de vegetais que funciona livre de hierarquias ... Quem escuta estas 'Vozes da transição ", fica inspirado a começar a cavar imediatamente!

CAPÍTULO III - aprendendo com um 'Pico do Petróleo' passado.
Mudança de escala. Cuba  foi o primeiro país a experimentar, a uma escala nacional, a conversão da agroindústria intensivo para sistemas mistos e ecológicos . Por quê? Porque não teve outra opção. Após a desintegração do bloco soviético em 1990 e a consequente quebra das trocas econômicas privilegiadas, os cubanos foram forçados a encontrar maneiras de produzir alimentos com menos petróleo, sem fertilizantes químicos e maquinaria pesada: algo que muito provavelmente acontecerá com muitos outros países...
Hoje, graças à promoção da agricultura urbana, a cidade de Havana produz 70% das hortaliças que consome - em modo biológico. Vários protagonistas desta transição agroecológica, em Havana, e em Pinar del Rio, dão-nos conta da inovação e da criatividade que foram necessários para chegar lá.

2 comentários:

aNaTureza disse...

Obrigada Miguel!
Gostei e interiorizei (mas para exteriorizar depois) os ensinamentos e exemplos.

São Miguel em Transição

Estamos mesmo num início...

Manuela Araújo disse...

Olá Miguel

Se já tinha ficado com pena de não ter podido ir à ante-estreia aí em Paredes, agora ainda fiquei com mais :(
Mas, por outro lado, estou entusiasmada para trazer para Famalicão esse filme :)

Achas que há alguma hipótese de passar esse filme, versão portuguesa, em Famnalicão, no dia 21 de Abril?

Um abraço e continuação de bom trabalho :)