Na Sexta-feira à noite juntámos um bom grupo de paredenses e de visitantes de outras iniciativas de Transição do Norte de Portugal para assistirmos a uma ante-estreia do filme "Voices of Transition" - "Vozes da Transição", do realizador e produtor francês Nils Aguilar, no auditório da Associação Empresarial de Paredes.
Foi uma sessão extremamente agradável, que, para além do privilégio de podermos assistir a um filme documental que acabou de estrear em outros países da Europa, contou com uma discussão sobre o filme, sobre os desafios dos novos tempos, sobre o movimento de Transição em geral e, em particular, do que temos feito em Paredes, e do que desejamos fazer, dos sucessos e das dificuldades...
Foi um bom convívio, que contou com gente de Penafiel, Coimbra, Vila do Conde, Braga, Viana do Castelo, Porto, Rio Tinto e Montemor-o-Velho... esqueci-me de alguém?
Sobre o filme, não tenho qualquer dúvida em afirmar que é o melhor que a assisti sobre o movimento de Transição e sobre a própria transição para uma sociedade menos dependente de combustíveis fósseis, mais humana. É bastante completo, foi muito bem pesquizado e os tópicos foram muito bem escolhidos. Seria excelente se pudéssemos ter as várias iniciativas a passar este filme por todo o Portugal. Seria excelente como ferramenta de sensibilização e para apontar alternativas.
Sobre a nossa ante-estreia, foi um privilégio de colaborador, pois, juntamente com a Mariana Esteves, de Braga, participei no projecto de tradução das legendas para português, e aproveitámos esta projecção para avaliarmos a qualidade da tradução. Parece que foi aprovada com distinção ;-)
Dado que não existe, ainda, um trailer em português (e provavelmente nunca haverá), vale a pena dar uma vista de olhos ao inglês.
A página web da produtora Milpa Films pode ser encontrada aqui.
Aqui fica uma tradução da sinopse deste excelente filme:
CAPÍTULO I - reintroduzir a vida nos nossos campos
"Ao cairmos no ciclo vicioso dos fertilizantes químicos, matámos os nossos solos, deixámos as plantas doentes, e lançámo-nos num percurso para a fome." Para Claude e Lydia Bourguignon, pesquisadores em microbiologia do solo, a "Revolução Verde" não foi somente um prolongamento da Revolução Industrial pela agricultura, mas também um verdadeiro desastre agronómico, em que o triunfo do lucro imediato sobre o bom senso esmaga o bem comum.
Na Borgonha, o jovem agricultor Oswaldo Forey deseja assumir o controlo sobre a quinta da família. O desafio é escapar às garras da agro-indústria e da grande distribuição, para poder "trazer a agronomia de volta aos campos" e diversificar as culturas e canais de distribuição. Mas tem adversários poderosos: as políticas europeias e nacionais puxam na direcção oposta.
Ao cortarmos as nossas árvores, eliminámos a principal fonte de fertilidade natural dos solos e da biodiversidade original dos campos. Haverá realmente outra maneira? Será possível que as árvores voltem a desempenhar, mais uma vez, o papel de catalisadores da vida? Na Inglaterra e na França, alguns profissionais agro-florestais partilham a sua visão do meio rural no futuro, que esperam em ver coberto com árvores ...
CAPÍTULO II - reintrodução da produção de alimentos nas cidades
E se o problema agrícola for, de facto, um problema cultural? Rob Hopkins, fundador do movimento de Transição exorta-nos a "desligarmo-nos das histórias com que somos constantemente bombardeados, como o" batom que, supostamente nos faz mais felizes", e a desfiarmos novas histórias" - em que todos seríamos os protagonistas. O seu sonho, a cidade Totnes em transição despoletou a uma abundância de novas histórias de sucesso: desde 2006, grupos de trabalho auto-organizados lançaram moedas locais, criaram cooperativas de energias renováveis, iniciaram "Planos de Acção para Redução Energética ' e experimentam formas inovadoras de produção alimentar: esquemas de cabazes de alimentos com o apoio da comunidade, agricultura, bosques alimentares e muito, muito mais.
Até agora, mais de 800 iniciativas locais em todo o mundo estão no caminho de assegurar mais "resiliência local", isto é, a capacidade de resistir a choques externos. O desafio é enorme, mas positivo: se prepararmos nossas comunidades para enfrentar as alterações climáticas, o pico do petróleo e a instabilidade econômica, de uma forma pacífica - já, enquanto ainda temos tempo -, seremos capazes de trazer uma melhoria na nossa qualidade de vida hoje mesmo!
Viajamos para a Cidade em Transição de Bristol", que se tornou num laboratório fabuloso de inovação social. Estamos particularmente interessados em ver como as cidades podem se podem transformar em locais de produção de alimentos: Mike Feingold, por exemplo, juntou os vizinhos, as abelhas, as galinhas e macieiras numa maneira "permacultural", de modo a produzir mel, legumes, maçãs e, por fim, " felicidade "num ambiente de horta comunitária; Sally Jenkins inspira os seus vizinhos a criar abundância de alimentos nos seus jardins; Chris Loughlin e Cia. criaram um esquema de cabazes de vegetais que funciona livre de hierarquias ... Quem escuta estas 'Vozes da transição ", fica inspirado a começar a cavar imediatamente!
CAPÍTULO III - aprendendo com um 'Pico do Petróleo' passado.
Mudança de escala. Cuba foi o primeiro país a experimentar, a uma escala nacional, a conversão da agroindústria intensivo para sistemas mistos e ecológicos . Por quê? Porque não teve outra opção. Após a desintegração do bloco soviético em 1990 e a consequente quebra das trocas econômicas privilegiadas, os cubanos foram forçados a encontrar maneiras de produzir alimentos com menos petróleo, sem fertilizantes químicos e maquinaria pesada: algo que muito provavelmente acontecerá com muitos outros países...
Hoje, graças à promoção da agricultura urbana, a cidade de Havana produz 70% das hortaliças que consome - em modo biológico. Vários protagonistas desta transição agroecológica, em Havana, e em Pinar del Rio, dão-nos conta da inovação e da criatividade que foram necessários para chegar lá.
2 comentários:
Obrigada Miguel!
Gostei e interiorizei (mas para exteriorizar depois) os ensinamentos e exemplos.
São Miguel em Transição
Estamos mesmo num início...
Olá Miguel
Se já tinha ficado com pena de não ter podido ir à ante-estreia aí em Paredes, agora ainda fiquei com mais :(
Mas, por outro lado, estou entusiasmada para trazer para Famalicão esse filme :)
Achas que há alguma hipótese de passar esse filme, versão portuguesa, em Famnalicão, no dia 21 de Abril?
Um abraço e continuação de bom trabalho :)
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