Paredes em Transição

O movimento Paredes em Transição é uma rede de amigos que vivem na cidade de Paredes, no Norte de Portugal, que partilham a preocupação de que a debilitante dependência em combustíveis baratos de que a nossa sociedade e economia padecem – e que não está a receber a devida atenção dos vários governos, que parecem actuar na premissa de que o petróleo barato e abundante continuará por cá em perpetuidade – possa vir a resultar em graves e imprevisíveis problemas de que a tecnologia não conseguirá livrar-nos, e que poderão afectar muito negativamente o nosso futuro e o dos nossos filhos. Saiba mais no menu Projecto.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Foi Assim o Curso de Agrofloresta em Mangualde

 Mas que grande curso!

Há acontecimentos que mudam a nossa maneira de pensar, e este foi, definitivamente, um deles. Foi um enorme privilégio poder passar uns dias a beber dos conhecimentos deste homem, Ernst Götsch.

A água pode ser plantada. Modelando o terreno, mostrando como pode ser feito com o auxílio das plantas.

Numa floresta natural temos as árvores emergentes, as de grande porte, as de porte médio, os arbustos, as erbáceas e as plantas rasteiras...

 Quais serão os efeitos de ausência de vegetação na paisagem? Erosão hídrica, aquecimento do solo, perda de nutrientes, acidificação, salinização, desertificação...

 Preparando o terreno para plantar (e semear) uma agrofloresta.

 A largura do terreno a preparar deve permitir que possamos trabalhar com um pé em cada lado, para facilitar o maneio.

 As aulas começavam às 7.30 da manhã, antes do nascer do Sol.

Corrigindo o solo ácido com cal.

Preparando o terreno para a sementeira.

A horta da Casa de Darei, onde o curso decorreu.

O espaço que nos foi destinado para transformarmos em agrofloresta
As mãos da Isabel.

Simulando uma agrofloresta. Os ramos de figueira representam as árvores emergentes (as maiores numa floresta).

Modelando o exercício que nos foi apresentado.

Como melhor transformar a actual área de pastos na Quinta de Darei numa agrofloresta produtiva que alimente, igualmente, os animais existentes? Este era o nosso desafio.

Até as filhas do Ernst ajudaram.

Regando a matéria orgânica depois da sementeira e empalhamento, para manter o solo hidratado.
Como se deve meter na terra uma estaca de uva-espim? Inclinada para o lado em que o Sol se põe. Aliás, a regra não se aplica apenas à uva-espim, mas a todas as plantas que se plantam em estaca. Plantas com raízes são colocadas verticalmente.

Ao metermos a planta na terra, devemos pressionar gentilmente o solo de modo a evitar bolsas de ar junto à parte onde nascerão as raízes. Nada de calcar, compactando o solo.

 A Paula e uma figueira.

 Adicionar matéria orgânica ao solo é uma dos componentes essenciais do método agroflorestal. Os paus aqui substituem as pontas de poda que resultam do maneio de uma agrofloresta.
 Numa linha temos as árvores, arbustos e plantas rasteiras. Note-se os molhinhos de paus.

Os Pedros, ao nascer do Sol, colocando os paus no terreno.

O Harald, preparando a bosta de vaca, essencial para o bom desenvolvimento das sementes.

O Ernst prefere a transformação lenta da matéria orgânica (especialmente a madeira) com o auxílio dos fungos basydiomicota, um processo a frio, à biodegradação, que liberta calor.

Semeando a vegetação de base em linhas transversais à linha de árvores e arbustos. Nesta iagem já pode ser visto o empalhamento que cobriu os paus e as zonas de sementeiira entre eles.

A água que cai num solo coberto por floresta é absorvida pelo solo por gradiente negativo, levando com ela sal e metais até ao horizonte C. A água que cai num solo descoberto, ou com vegetação esparsa, acaba por se infiltrar por gravidade, e não transporta com ela nem sal nem metais, provocando a acidificação e/ou salinização do terreno.

Como trabalhar numa bacia hidrográfica? De modo a que a água possa subir pelas encontas acima, quer por capilaridade, quer transportada pelas micorizas, quer através da intensidade de fotossíntese.

Preparando uma sementeira de floresta com nozes, castanhas, bolotas, azeitonas...
A que se deve juntar matéria orgânica, de preferência de um solo florestal, de modo a inocular a sementeira com esporos e hifas de basydiomicota.

Que mais dizer? Fiquei com uma vontade enorme de começar a aplicar os conhecimentos que tive o privilégio de aprender com este homem.
Os meus agradecimentos ao Samuel, Zé Mário e Ana, da Cooperativa O Sítio, por terem organizado o curso e a vinda do Ernst Götsch a Portugal, ao José Manuel e à Clara da Quinta de Derei por nos terem recebido, e a todos os colegas, pela simpatia, companheirismo e conhecimentos que compartilharem connosco.

4 comentários:

Manuela Araújo disse...

Óptimo que tenhas lá estado e aprendido, Miguel! Só tenho pena de não ter podido participar. Excelente reportagem, parabéns :)

shan-Tinha disse...

que bonito vermos pessoas que trabalham para o bem comum, ler as explicações enquanto via as fotos provocou em mim uma felicidade muito grande ao pensar que em algum lugar do mundo, perto ou longe de mim existem pessoas preocupadas e fazendo o bem para os que precisam e isso será com certeza multiplicado e perpetuado. Desejo que a felicidade continue fazendo parte dessa caminhada por um mundo melhor! Parabéns aos envolvidos!

Miguel Ângelo Leal disse...

Caras amigas, muito obrigados pelos V. comentários. São atitudes destas que nos fazem continuar, acreditem!

Anónimo disse...

muito bom Miguel! grande abraço para Paredes!
Filipe