Paredes em Transição

O movimento Paredes em Transição é uma rede de amigos que vivem na cidade de Paredes, no Norte de Portugal, que partilham a preocupação de que a debilitante dependência em combustíveis baratos de que a nossa sociedade e economia padecem – e que não está a receber a devida atenção dos vários governos, que parecem actuar na premissa de que o petróleo barato e abundante continuará por cá em perpetuidade – possa vir a resultar em graves e imprevisíveis problemas de que a tecnologia não conseguirá livrar-nos, e que poderão afectar muito negativamente o nosso futuro e o dos nossos filhos. Saiba mais no menu Projecto.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Paredes em Transição, Conversa com Rob Hopkins 2

Face a algumas mensagens que nos chegaram e em que algumas pessoas se queixavam sobre o facto de a entrevista ter ocorrido em inglês, faz-se, aqui, um breve resumo traduzido da mesma. 
A primeira questão que colocámos foi-nos enviada pelo João Leitão, de Pombal em Transição, e perguntaba qual era a opinião do Rob Hopkins sobre a possibilidade de um futuro organismo de coordenação nacional em Portugal poder funcionar como incubadora de projectos de empreendedorismo social. 
O Rob lembrou que na generalidade dos casos seria melhor esperar que mais iniciativas apareçam, de modo a que o movimento ganhe momento, para então se criar uma Entidade de coordenação nacional. Por outro lado, noutros casos, um organismo de coordenação nacional poderá estimular o aparecimento de novas iniciativas. Depois passou a explicar que o empreendedorismo social será um tema central no novo livro que está a preparar. Segundo ele, o empreendedorismo social será essencial para que os planos de decrescimento energético possam ser implementados, para a relocalização da economia, para criar novas infra-estruturas locais, emprego e novos modos de vida. A pergunta do João, no entanto, acabou por não ser respondida. 


Em seguida, comentei que em Portugal estamos a viver o nosso próprio “Período Especial” –uma analogia ao “Período Especial” que ocorreu em Cuba, que é o que os cubanos chamaram ao período em que deixaram de receber combustíveis da União Soviética, tendo que readaptar toda a economia a essa nova realidade. No nosso caso, vai ser muito menos dinheiro disponível para tudo e a necessidade de nos adaptarmos a essa realidade. 
Para Rob Hopkins, este é o momento certo para espalharmos a mensagem do movimento Cidades em Transição, e para ela receber o acolhimento que merece. Temos de dar o grande passo e passar das palavras à acção. Criar emprego, modos de vida, comunidades que possam apoiar-se entre si, investir em si mesmas e criar modelos que funcionem e possam apoiar as iniciativas. 


A seguir, face a uma consideração minha de que o movimento Paredes em Transição é, ainda, um grupo de amigos e termos pela frente a árdua tarefa de chegarmos à comunidade e mudarmos o panorama geral, o Rob lembrou que é importante dar o passo para lá do nosso grupo de amigos, e há que ter algumas considerações em conta: é importante o modo como apresentamos a ideia, encontrar uma língua comum, é importante encontrar terreno comum, encontrar os temas certos para chegarmos às pessoas, e termos algo para lhes oferecer. E é importante que em Portugal tenhamos o que ele chama um “cheerful disclaimer”, ou seja, deixar logo bem claro que não temos respostas para tudo – o movimento Cidades em Transição é um convite para que as pessoas se organizem, pensem, sejam criativas e contribuam para se encontrar as respostas para os problemas que já aí estão. 
Finalmente, face ao recente relatório da Agência Internacional de Energia, que reconhece, finalmente, que o pico do petróleo convencional aconteceu em 2006, o Rob confessou que o assunto, assusta, e acrescentou que no dia seguinte à publicação deste relatório o comissário europeu para a energia terá dito que “chegámos ao pico para todo o petróleo” e lembrou os problemas ambientais que serão criados pelo aumento de produção de petróleo não convencional, comentando que se não fosse a recessão, que tem reduzido o consumo, teríamos combustíveis a preços muito mais elevados.

Sem comentários: